O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, transmitirá uma mensagem otimista aos americanos em um pronunciamento televisionado nesta quarta-feira (17), em meio à crescente impaciência de seus compatriotas com relação à sua gestão da economia.
“O melhor ainda está por vir!”, declarou Trump em uma mensagem publicada em sua plataforma Truth Social anunciando o discurso, que ocorre onze meses após sua posse.
Trump “falará bastante sobre as conquistas dos últimos 11 meses, tudo o que ele fez para tornar nosso país grande novamente e tudo o que ele planeja fazer para continuar beneficiando o povo americano nos próximos três anos”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.
O presidente “talvez dê algumas pistas sobre políticas que também serão implementadas no Ano Novo”, acrescentou ela em entrevista à Fox News.
– “Volta por cima” –
Aos 79 anos e em seu último mandato, o republicano revolucionou a política dos Estados Unidos com seu estilo agressivo, medidas anti-imigração implacáveis e uma política econômica que ecoa a mensagem de sua primeira presidência: cortes de impostos e liberalização.
A política comercial, no entanto, é marcadamente diferente, com uma série de tarifas erráticas que tiveram impacto sobre a inflação e abalaram o comércio global.
O governo Trump não conseguiu controlar totalmente o aumento dos preços, atualmente em torno de 2,75% em relação ao ano anterior, embora o magnata insista em ressaltar que, durante sua presidência anterior, a inflação chegou a quase 9%.
A recuperação econômica está “dando a volta por cima” após um ano de “incerteza”, declarou John Williams, membro do Federal Reserve (Fed, banco central), esta semana.
Mas o nervosismo cresce entre os republicanos para as eleições de meio de mandato em novembro de 2026.
O bilionário Trump vangloria-se de uma nova “Era de Ouro” nos Estados Unidos e recentemente atribuiu à economia uma classificação “A++++”.
Os democratas, ainda sem um favorito claro para a eleição presidencial daqui a três anos, conseguiram mudar o rumo do debate com uma mensagem focada na “acessibilidade”.
Isso é especialmente relevante considerando o temido aumento nos planos de saúde, a partir de janeiro, devido ao fim de uma série de subsídios que estavam em vigor desde o início da pandemia de covid-19.
Trump reagiu em seu estilo característico em um discurso recente na Pensilvânia: a insistência democrata na “acessibilidade”, ou seja, no custo de vida, é uma “fraude”.
De acordo com uma pesquisa da Universidade de Chicago para a Associated Press, publicada na semana passada, apenas 31% dos americanos estão satisfeitos com as políticas econômicas do presidente.
Mas as pesquisas também mostram que a polarização ainda molda a vida política americana: a grande maioria dos eleitores republicanos votaria novamente no magnata.
Segundo um estudo publicado em novembro pelo Pew Research Center, sete em cada dez latinos desaprovam o desempenho de Trump. Mas a maioria (67%) dos latinos que votaram no mandatário ainda acredita que ele está fazendo um bom trabalho.
– Fissuras no Partido Republicano –
Os americanos estão, em geral, satisfeitos com a política externa, mas há rachaduras dentro do próprio campo republicano.
Figuras de seu movimento “Make America Great Again” (Maga) criticam Trump e os principais membros de seu governo por priorizarem acordos de paz na Ucrânia e em Gaza em vez de lidarem com questões internas.
Há cada vez mais indícios de que sua equipe está começando a perceber a gravidade do problema.
Os republicanos sofreram fortes derrotas nas eleições para governador na Virgínia e em Nova Jersey, embora tenham vencido em um reduto tradicional no Tennessee, ainda que por uma margem bem menor.
Trump realizará outro comício com ares de campanha na Carolina do Norte na sexta-feira.
O vice-presidente JD Vance – que está se tornando rapidamente o porta-voz de Trump sobre o assunto, enquanto considera sua própria candidatura à presidência em 2028 – pediu paciência aos eleitores em um discurso na terça-feira.
“Roma não foi construída em um dia”, disse Vance na Pensilvânia, um estado-pêndulo crucial da classe trabalhadora.
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