Trump envia maior porta-aviões do mundo para pressionar Maduro

Trump envia maior porta-aviões do mundo para pressionar Maduro

"USSPorta-aviões – um dos 11 que fazem parte da frota americana – se soma a oito navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35 já na região. Escalada sem precedentes é parte de ofensiva contra "narcoterrorismo".Em uma escalada sem precedentes das tensões militares entre Estados Unidos e Venezuela desde que o governo de Donald Trump deflagrou sua guerra ao narcotráfico, o maior navio de guerra do mundo – o porta-aviões USS Gerald R. Ford – agora navega em direção ao Mar do Caribe.

O porta-aviões – um dos 11 que fazem parte da frota americana – se soma a oito navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35 já na região.

Em declaração postada nas redes sociais, o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, afirmou que a presença aumentada das forças americanas na região "vai impulsionar a capacidade de detectar, monitorar e interromper atores e atividades ilícitas que comprometam a segurança no Hemisfério Ocidental".

O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, declarou que os EUA darão aos "narcoterroristas" o mesmo tratamento dispensado à organização terrorista Al Qaeda de Osama bin Laden, responsável pelo atentado de 2001 às Torres Gêmeas.

Ainda não há informações sobre quando o porta-aviões chegará ao Mar do Caribe, mas há alguns dias ele foi avistado na Europa.

Capacidade para mais de 75 aviões e mais de 5 mil homens a bordo

O Gerald Ford é o porta-aviões mais novo dos EUA e o maior do mundo, com mais de 5 mil militares a bordo e capacidade para transportar mais de 75 aeronaves, incluindo destróieres.

A embarcação tem ainda um reator nuclear próprio e um arsenal de mísseis de médio alcance e terra-ar, além de radares sofisticados que podem ajudar a controlar o tráfego aéreo e marítimo.

Os navios de apoio, como o cruzador lança-mísseis guiados classe Ticonderoga Normandy e os destróieres lança-mísseis guiados classe Arleigh Burke Thomas Hudner, Ramage, Carney e Roosevelt, possuem capacidades de guerra antiaérea, de superfície e antissubmarino.

Guerra às drogas

O governo Trump acusa o regime venezuelano, liderado pelo presidente Nicolás Maduro, de proteger traficantes de drogas e sabotar instituições democráticas. O próprio Maduro é apontado por Washington como chefe do "Cartel de los Soles", classificado como organização terrorista pela Casa Branca.

Em agosto, Washington elevou para 50 milhões de dólares o prêmio para quem entregar informações que levem à prisão de Maduro.

Desde setembro, militares americanos atacaram dez embarcações que supostamente estariam sendo usadas pelo narcotráfico, a maior parte no Caribe. Mais de 40 pessoas foram mortas, algumas delas de nacionalidade venezuelana. Especialistas consideram as execuções sumárias ilegais, ainda que tenham como alvo traficantes confirmados.

Agora, a Casa Branca estaria avaliando planos para atacar pontos de produção de cocaína dentro da própria Venezuela, informou nesta sexta-feira (24/10) a emissora CNN, citando três fontes do governo. O martelo da decisão, porém, ainda não teria sido batido.

Na semana passada, Trump admitiu ter autorizado operações secretas da CIA no país latino-americano.

Ao assumir a Casa Trump, Trump avisou que estava disposto a utilizar todo o potencial militar dos Estados Unidos para acabar com as rotas do narcotráfico e os cartéis de drogas – os de Sinaloa e Tren de Aragua, por exemplo, foram designados "organizações terroristas" por decreto presidencial.

O governo justificou a medida alegando que ela permitiria usar as mesmas ferramentas que empregou em sua guerra ao terror, travada ao longo de duas décadas em todo o mundo após os ataques de 11 de setembro de 2001.

Em carta ao Congresso, Trump alega que o país está em "conflito armado" com cartéis de drogas.

Maduro: "Sem guerra maluca, por favor"

Maduro tem repetidamente atribuído as ações dos EUA ao desejo de despojá-lo do poder, e recentemente apelou a Trump em tom conciliatório: "Sem guerra maluca, por favor". Já seu ministro da Defesa, Vladimir Padrino, prometeu que o país lutaria contra a instalação de um governo "submisso" a Washington.

A Venezuela estaria em enorme desvantagem em um conflito com os Estados Unidos.

O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos estima que as forças armadas venezuelanas contam com 123 mil integrantes, além de 220 mil milicianos voluntários leais a Maduro – porém alguns especialistas acreditam que esses números sejam muito menores.

As tensões também são sentidas na Colômbia. O presidente Gustavo Petro, que tem criticado o que chamou de "execuções extrajudiciais" no Mar do Caribe, foi acusado por Trump de ser um "traficante de drogas" e "cara malvado", e nesta sexta-feira (24/10) tornou-se alvo de sanções do governo americano.

Brasil reage: "Não podemos aceitar intervenção externa"

A situação é observada com preocupação por líderes latino-americanos, que temem um conflito militar mais amplo na região.

Mais cedo nesta sexta-feira (24/10), sem citar diretamente a Venezuela ou Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a atuação dos militares americanos na região, afirmando que o combate ao narcotráfico precisa ser feito dentro da lei e com respeito à soberania de outros países.

"Se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer", declarou. "Se o mundo virar uma terra sem lei, vai ser difícil viver."

Já Celso Amorim, assessor especial de Lula, foi mais direto: "Não podemos aceitar uma intervenção externa, pois isso provocaria um enorme ressentimento", afirmou à agência de notícias AP. "Isso poderia inflamar a América do Sul e levar à radicalização da política em todo o continente."

ra (Reuters, AFP, ots)