Os presidentes Donald Trump e Recep Tayip Erdogan apareceram lado a lado na Casa Branca, nesta terça-feira (16), e prometeram trabalhar juntos para superar tensões recentes e redobrar seus esforços em matéria de segurança.

Depois de garantir o controle do país por meio de um referendo para ampliar seus poderes, o presidente turco Erdogan chega à capital americana com uma lista de queixas. Entre elas, o apoio dado pelos Estados Unidos à milícia curda na Síria e a proteção de Washington a Fethullah Gulen, acusado por Ancara de ser o mentor intelectual de um fracassado golpe de estado no país, em 15 de julho passado.

Momentaneamente, os dois puseram suas diferenças de lado para renovar o apoio a uma aliança fundamental entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Turquia, associados na luta contra o grupo Estado Islâmico (EI).

Trump foi um dos primeiros líderes a felicitar Erdogan por sua vitória no referendo de 16 de abril. Hoje, na Casa Branca, o presidente turco devolveu a gentileza, elogiando o colega americano por sua “vitória lendária” nas eleições do ano passado.

“É claro, a vitória do senhor Trump levou a que se despertem novas expectativas para a Turquia e para a região em que estamos. Sabemos que o novo governo não permitirá que essas esperanças sejam em vão”, disse Erdogan na Casa Branca.

Trump homenageou a “contribuição histórica” da Turquia para a aliança militar europeia e ressaltou: “Agora, enfrentamos um novo inimigo na luta contra o terrorismo e, novamente, esperamos enfrentá-lo juntos”.

As relações entre Estados Unidos e Turquia se tensionaram nos últimos meses do governo de Barack Obama por duras disputas sobre o apoio americano aos combatentes curdos na Síria.

As autoridades turcas tinham esperança de abrir uma “nova página”, depois das disputas com Obama, mas o otimismo esfriou, após o anúncio da administração Trump de que os Estados Unidos vão armar as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) na Síria. Esse grupo é considerado terrorista pelo governo Erdogan.

“É absolutamente inaceitável considerar as YPG como aliados na região, e vai contra qualquer acordo global que alcancemos”, disse Erdogan.

“Do mesmo modo, nunca deveríamos permitir esses grupos, que querem mudar a estrutura étnica, ou religiosa, na região para usar o terrorismo como pretexto”, acrescentou, sugerindo que os curdos estavam usando a luta contra o EI como cobertura de seus propósitos separatistas.

Outro obstáculo para melhorar as relações entre Estados Unidos e Turquia foi a presença no estado da Pensilvânia do religioso Fethullah Gulen. Erdogan deixou claro que espera passos de Washington sobre o destino de Gulen, que nega qualquer papel no golpe, enquanto Ancara quer que ele seja extraditado e julgado em seu país.