Donald Trump e seu rival democrata na disputa pela Casa Branca, Joe Biden, trocaram acusações sobre quem estimula a violência nos Estados Unidos, após novos confrontos durante manifestações antirracistas e a morte de um homem no fim de semana em Portland.

A segurança virou um tema central da campanha para a eleição presidencial de 3 de novembro. Trump se apresenta como um fiador da “lei e ordem”, enquanto Biden o acusa de atiçar as tensões.

O presidente americano “está estimulando a violência de forma irresponsável”, afirmou o ex-vice-presidente de Barack Obama em um comunicado divulgado no domingo. “Talvez ele acredite que tuitar sobre lei e ordem o torne forte, mas sua incapacidade para pedir a seus seguidores que deixem de buscar conflitos mostra o quão fraco ele é”.

A equipe de campanha do democrata confirmou que Biden pronunciará um discurso nas próximas horas para responder o que ele apresenta como uma pergunta aos eleitores: “Você está seguro nos Estados Unidos de Donald Trump?”.

A morte a tiros de um homem e os confrontos entre seguidores e opositores do presidente em Portland, Oregon, noroeste do país, aconteceram após uma semana de protestos nos Estados Unidos, que incluíram uma histórica paralisação no esporte ante a indignação provocada por um novo caso de violência policial contra um homem negro.

Jacob Blake, um afro-americano de 29 anos, recebeu vários tiros à queima-roupa na semana passada em Kenosha, Wisconsin, por parte de um policial no momento da detenção. Ele sobreviveu, mas provavelmente ficará paraplégico.

Trump reagiu com a publicação de dezenas de tuítes e retuítes no domingo que criticavam a atuação do prefeito democrata de Portland, Ted Wheeler, e sua recusa de convocar a Guarda Nacional e, de modo mais geral, denunciando o que o presidente considera fraqueza das cidades governadas por democratas ante a violência.

A Guarda Nacional “poderia resolver os problemas em menos de uma hora”, afirmou.

“Wheeler é incompetente, assim como o sonolento Joe Biden”, disse Trump. “Isto não é o que nosso grande país quer. As pessoas querem segurança e não que a polícia perca o financiamento”.

Em Portland “continuam rejeitando todo tipo de ajuda do governo para deter os atos de violência que acontecem há quase 90 dias”, afirmou o secretário interino de Segurança Interna, Chad Wolf, ao canal ABC.

– Trump em Kenosha –

Trump viajará na terça-feira a Kenosha, onde um jovem de 17 anos é acusado de matar a tiros dois homens durante os protestos e distúrbios posteriores aos disparos contra Jacob Blake.

No sábado, uma pessoa morreu baleada em Portland em circunstâncias confusas durante confrontos entre manifestantes antirracistas e seguidores de Trump.

Portland virou o epicentro dos protestos do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) contra a violência policial desde a morte em maio em Minnesota de George Floyd, um homem negro asfixiado por um policial branco.

Centenas de veículos dirigidos por simpatizantes do presidente, com bandeiras americanas e pró-Trump, entraram no sábado em Portland, onde estavam reunidos manifestantes do Black Lives Matter, o que provocou uma troca de ofensas e agressões, de acordo com diversos vídeos.

O tiroteio aconteceu às 20H45 locais, informou a polícia, que abriu uma investigação por homicídio.

Fotografias mostram a vítima com um gorro com o logotipo do “Patriot Prayer”, descrito pela imprensa como um grupo de extrema-direita que esteve no centro de várias manifestações em Portland que terminaram em violência.

O prefeito de Portland acusou Trump de atacar os governos democratas locais, depois de ter acumulado durante quatro anos críticas por seus ataques contra jornalistas e imigrantes.

“Se pergunta, seriamente, senhor presidente, por quê é a primeira vez em décadas que os Estados Unidos vivem este nível de violência?”, questionou Wheeler durante uma entrevista coletiva. “Você que criou o ódio e a divisão”.

No domingo à noite, centenas de manifestantes antirracistas se reuniram diante da sede da polícia no centro de Portland.

Em uma carta aberta a Trump, Wheeler denuncia a “política de divisão e demagogia” do presidente.

“Sabemos que chegou à conclusão de que as imagens de violência ou vandalismo são o único ingresso para a reeleição”.