O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (18) que recebeu uma carta da Procuradoria sugerindo que ele provavelmente será indiciado criminalmente pelos distúrbios durante o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, um novo obstáculo no caminho do favorito à indicação republicana para as eleições de 2024.

“O transtornado Jack Smith, procurador do Departamento de Justiça do (presidente dos Estados Unidos) Joe Biden, enviou uma carta (…) declarando que sou um ALVO da investigação do Grande Júri sobre o 6 de janeiro”, afirmou Trump em sua rede social, a Truth Social.

Ao ser procurado pela AFP, o porta-voz do procurador especial Smith preferiu não comentar o caso.

Naquele dia, milhares de apoiadores de Trump invadiram o Capitólio para tentar impedir que a vitória eleitoral do democrata Joe Biden fosse certificada.

Desde então, mais de mil pessoas foram presas e cerca de 350 delas foram acusadas de agredir policiais ou de resistir à autoridade. Alguns membros de milícias de extrema direita foram condenados por sedição.

O ex-presidente, favorito entre os republicanos para ser o candidato do partido na eleição presidencial de 2024, disse que recebeu “um prazo muito curto de quatro dias” para comparecer diante de um grande júri, “o que quase sempre significa Prisão e Indiciamento”.

De acordo com o Washington Post, uma carta informando a uma pessoa que está sendo investigada não implica que ela será acusada.

“Esta caça às bruxas tem tudo a ver com interferência eleitoral e um uso completo e total da aplicação da lei como arma política”, disse Trump, de 77 anos.

Trump argumentou que tem o “direito de protestar” porque está “totalmente convencido” de que o processo eleitoral “foi fraudado e roubado”.

O Departamento de Justiça “emitiu efetivamente uma terceira acusação e pedido de prisão do OPONENTE POLÍTICO NÚMERO UM de Joe Biden, que está dominando amplamente a corrida pela Presidência”, afirmou Trump.

“Nada semelhante aconteceu antes em nosso país”, acrescentou.

Uma comissão parlamentar, dissolvida no início deste ano pela nova maioria republicana na Câmara baixa, investigou se Trump desempenhou um papel nos atos violentos daquele dia.

O painel, formado principalmente por democratas, disse que o ex-presidente havia incentivado seus apoiadores antes do ataque e “falhou em seu dever como comandante-em-chefe” durante os atos violentos.

Em seu relatório final divulgado em dezembro de 2022, a comissão concluiu que Donald Trump não deveria ocupar cargos públicos novamente após incitar seus apoiadores à insurreição.

Seus membros também recomendaram que os tribunais federais instaurassem processos criminais contra ele, principalmente por incitação à insurreição.

Nesta terça-feira, Trump não especificou as possíveis acusações contra ele nesta investigação.

– Outros casos –

Trump já foi indiciado em uma investigação federal sobre documentos confidenciais, também liderada por Jack Smith. Ele é acusado de se recusar a devolver documentos confidenciais que supostamente guardou quando deixou a Casa Branca.

Em meados de junho, ele se declarou não culpado das acusações pelas quais será julgado. Uma audiência de julgamento está marcada para terça-feira.

Os promotores do caso querem que o julgamento comece em dezembro, enquanto os advogados de Trump pedem que seja realizado após as eleições presidenciais de novembro de 2024.

Nikki Haley, adversária de Trump na disputa pela indicação republicana, denunciou nesta terça na Fox News uma “nova distração” que, à margem das primárias, está focando a atenção nos problemas legais do ex-presidente.

O líder republicano na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, acusou Biden, que tentará se reeleger em 2024, de usar o judiciário americano para “atacar seu adversário número um”.

O congressista democrata Adam Schiff classificou como “patéticas” as declarações de McCarthy e afirmou ser “vergonhoso proteger um ex-presidente corrupto”.

O bilionário republicano também foi indiciado pela Procuradoria do Estado de Nova York por várias acusações de fraude contábil, devido a um pagamento feito antes da eleição presidencial de 2016 para silenciar uma atriz pornô.

Por fim, uma promotora da Geórgia anunciará, antes de setembro, o resultado de sua investigação sobre a pressão que Trump teria exercido para tentar mudar o resultado das eleições presidenciais de 2020 neste estado do sul do país.

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