O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (29) que encerrará as isenções concedidas a Hong Kong como parte de seu relacionamento especial com os Estados Unidos, decisão que atribuiu a ações da China.

Nesta semana, Pequim “impôs controle sobre a segurança de Hong Kong”, o que é uma “violação” do tratado acordado com o Reino Unido na devolução da ex-colônia britânica em 1997, afirmou Trump na Casa Branca.

“A ação do governo chinês contra Hong Kong é a mais recente de uma série de medidas que diminuem o status de prestígio e orgulho da cidade. Esta é uma tragédia para o povo de Hong Kong, para o povo da China e, de fato, para as pessoas do mundo”, afirmou.

Pequim “falhou em manter sua palavra no mundo para garantir a autonomia de Hong Kong”, disse Trump.

A declaração ocorre em um clima explosivo: o líder republicano elevou o tom nas últimas semanas, acusando Pequim de ser responsável pela disseminação do novo coronavírus em todo o planeta e prometeu retaliação.

Washington denuncia há vários dias a controversa lei de segurança nacional que Pequim deseja impor a Hong Kong, considerando que é uma maneira secreta de silenciar a oposição da ilha, que a China nega firmemente.

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“Hong Kong não é mais autônoma o suficiente para justificar o tratamento especial que concedemos ao território desde a devolução” pela Grã-Bretanha, destacou o presidente americano.

“Estou ordenando à minha administração que inicie o processo de eliminação da política que oferece tratamento diferente e especial a Hong Kong. Isso afetará toda a gama de acordos, desde o tratado de extradição até os controles de exportação de tecnologias e muito mais, com poucas exceções”, acrescentou.

A devolução de Hong Kong foi feita em nome do princípio “Um país, dois sistemas” que permitia ao território preservar liberdades que não existem na China continental, em particular economia livre, justiça independente, liberdade de expressão e um parlamento parcialmente eleito por sufrágio universal. Essas exceções levaram muitos países, como os Estados Unidos, a aprovarem leis que os autorizam a tratar Hong Kong como uma entidade comercial separada do regime chinês.

Nesse contexto, Trump também anunciou a suspensão da entrada nos Estados Unidos de “certos cidadãos chineses” identificados como “riscos potenciais” à segurança nacional.

“Durante anos, o governo chinês espionou para roubar nossos segredos comerciais”, disse, prometendo um decreto “para garantir ainda mais a pesquisa vital da universidade de nosso país e suspender a entrada de certos cidadãos chineses que identificamos como possíveis riscos de segurança”.

Segundo o Instituto de Educação Internacional (IIE), os chineses compõem o maior grupo de estudantes estrangeiros nos Estados Unidos, com quase 370.000 em 2018-2019, um terço do total.


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