O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (25) que um acordo entre Ucrânia e Rússia está muito próximo, mas os líderes europeus mostraram ceticismo, após uma nova noite de ataques russos a Kiev.
As discussões acontecem desde o fim de semana, quando representantes de Washington, Kiev e seus aliados europeus se reuniram em Genebra para discutir o plano inicial polêmico de 28 pontos de Trump. “Vamos conseguir”, afirmou o presidente americano hoje. “Estamos muito perto de um acordo.”
O plano inicial dos Estados Unidos, que favorecia amplamente a Rússia, foi substituído por um texto que leva os interesses da Ucrânia mais em conta. Um funcionário do alto escalão ucraniano indicou à AFP que a nova versão é “significativamente melhor”.
Funcionários americanos apontaram que ainda restam questões pendentes. O presidente da França, Emmanuel Macron, afastou a ideia de uma solução rápida, ao afirmar que “claramente não há vontade, por parte da Rússia”, de um cessar-fogo, ou de discutir a nova proposta, mais favorável à Ucrânia.
As últimas conversas, com delegados de Estados Unidos, Ucrânia e Rússia, aconteciam em Abu Dhabi, segundo veículos americanos e britânicos. Os líderes de um grupo de 30 países que apoiam a Ucrânia se reuniram hoje por videoconferência.
O negociador americano, Dan Driscoll, deixou a reunião com os colegas russos otimista. “As conversas caminham bem e continuamos otimistas”, disse seu porta-voz. Já a Casa Branca apontou um progresso, mas advertiu que “há detalhes delicados, mas não insuperáveis, a resolver”.
Em meio às discussões, a guerra prosseguia. Explosões sacudiram Kiev a 1h local de hoje, enquanto uma chuva de drones e mísseis russos deixava prédios residenciais em chamas. Os serviços de emergência e a polícia reportaram 7 mortos e 19 feridos.
Uma fumaça densa se elevava sobre a capital ucraniana, enquanto moradores fugiam para as estações de metrô. De manhã, ainda havia fumaça sobre os telhados.
A Rússia lançou 464 drones e 22 mísseis em todo o país, segundo a força aérea ucraniana, que afirmou ter interceptado 452.
– Reunião entre Trump e Zelensky –
Trump anunciou na semana passada que queria que sua proposta de paz fosse aprovada por Kiev até esta quinta-feira. Mas o plano inicial, que promovia diversas demandas de guerra russas, acendeu o alerta em Ucrânia e Europa.
O funcionário do alto escalão ucraniano próximo das negociações disse à AFP que uma melhora-chave foi o aumento do limite proposto para as futuras forças militares do país, de 600 mil para 800 mil membros.
O negociador ucraniano Rustem Umerov apontou que há um “entendimento comum sobre o núcleo” do acordo entre Ucrânia e Estados Unidos, mas que os detalhes restantes deveriam ser resolvidos em conversas direta, “na data mais adequada”, entre o presidente Volodimir Zelensky e Donald Trump.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, informou hoje que seu país aguarda os Estados Unidos apresentarem a nova versão de sua proposta.
O Exército russo ocupa cerca de um quinto da Ucrânia, amplamente devastada pelos combates. Dezenas de milhares de civis e militares morreram e milhões fugiram do leste do país.
Ivan Zadontsev, sargento das forças ucranianas, se mostra cético diante das negociações. “Estamos cansados da guerra”, declarou à AFP nesta terça-feira. Mas ele teme que a proposta inicial dos Estados Unidos represente uma “paz ruim”.
“Nem os Estados Unidos, nem a UE entendem as causas profundas da guerra”, comentou, considerando que “seus planos não servem aos interesses da Ucrânia”.
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