O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou a condenação do ex-produtor de Hollywood, Harvey Weinstein, por agressão sexual e estupro como sendo “uma grande vitória” para as mulheres, além de passar “uma mensagem muito forte”, disse nesta terça-feira (25). No entanto, o próprio Trump é acusado de beijar, tocar e violar ao menos 16 mulheres.

“Do ponto de vista das mulheres, acredito que simbolizou algo importante”, disse Trump durante uma visita de Estado à Índia. “Foi uma grande vitória e passa uma mensagem muito forte”, afirmou.

Trump ressaltou não ser um “admirador” de Weinstein, insistindo na proximidade dele com os democratas.

“Simplesmente não era seu admirador. O conhecia um pouco, não muito bem (…) Michelle Obama o adorava, Hillary Clinton também. Entregou muito dinheiro aos democratas”, disse.

O produtor de cinema, de 67 anos, foi condenado na última segunda por um tribunal de Nova York por agressão sexual e estupro, embora tenha se livrado das acusações mais graves. O veredicto foi aplaudido pelo movimento #MeToo e várias das acusadoras de Weinstein.

O júri teve que chegar a um consenso a partir do testemunho de três mulheres, entre as mais de 80 que o acusaram de assédio ou agressão sexual.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Após quase um mês de julgamento e cinco dias de deliberações, o júri considerou Weinstein, cujos filmes ganharam mais de 81 estatuetas do Oscar, culpado de agressão sexual em primeiro grau por praticar sexo oral na ex-assistente de produção Mimi Haleyi em julho de 2006, e por estupro em terceiro grau da ex-atriz Jessica Mann em março de 2013.

– Denúncias de 16 mulheres –

O presidente americano, de 73 anos, não mencionou em nenhum momento ser ele mesmo acusado por ao menos 16 mulheres de assédio ou agressão sexual, ainda que nunca tenha respondido perante a Justiça por esses casos.

A escritora americana E. Jean Carroll conta que foi estuprada por ele em um provador da loja americana Bergdorf Goodman, em meados dos anos 90.

O crime prescreveu, mas em novembro ela processou Trump por difamação quando esse disse nunca tê-la estuprada porque ela não é seu “tipo”.

Em janeiro, Carroll pediu à Justiça para recolher o DNA de Trump para determinar se é igual ao material genético encontrado no seu vestido.

Outra mulher, Summer Zervos, uma ex-participante do programa “O Aprendiz”, que era apresentado por Trump, afirma que ele a beijou por mais de 10 anos sem consentimento, esfregou seus genitais contra ela e tocou em um dos seus seios. Ela também o processou por difamação.

Trump garante que as denúncias de assédio sexual ou agressão relatadas por ao menos 16 mulheres são “mentiras” ou “bobagens”.

Durante sua campanha eleitoral, em 2016, um vídeo divulgado pelo “The Washington Post” mostrou Trump presumindo, em 2005, que era tão famoso que poderia agredir a mulher que quisesse.

“Quando você é famoso, (elas) deixam fazer. Pode fazer o que quiser”, disse Trump. Ele acrescentou: “Pegá-las pela vagina. Pode fazer o que quiser”.

– “Hora de prestar contas”, diz Clinton –


Em Berlim para a exibição de uma série documental dedicada a ela durante o festival de cinema, a ex-secretária de Estado americana declarou que já estava na “hora” do produtor hollywodiano “prestar contas”.

“O veredicto do júri realmente fala por si só e é algo que as pessoas acompanharam com atenção, porque era já era hora de prestar contas”, disse Clinton.

Ela, que foi muito criticada pela proximidade com o réu, acrescentou que “é fato que ele contribuiu com todas as campanhas democratas, de Barack Obama, John Kerry, Al Gore”, reconheceu a ex-secretária de Estado americano.

Clinton acrescentou que a condenação do produtor não é um motivo para não participar do financiamento das campanhas políticas, mas sim “colocar um fim a esse tipo de comportamento” que o fez ser condenado.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias