WASHINGTON, 19 MAR (ANSA) – O governo norte-americano divulgou na última terça-feira (18) mais de 80 mil páginas de documentos relacionados ao assassinato do ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy (JFK), ocorrido em novembro de 1963, um caso que ainda alimenta teorias da conspiração após mais de 60 anos.
O Arquivo Nacional dos EUA tornou público o último lote de arquivos depois que o atual mandatário, Donald Trump, emitiu uma ordem executiva em janeiro passado, na qual ordena a divulgação “sem censura” dos documentos restantes relacionados às mortes de Kennedy, seu irmão, o ex-procurador-geral Robert F. Kennedy, e o líder dos direitos civis Martin Luther King Jr.
John F. Kennedy foi assassinado no dia 22 de novembro de 1963, enquanto desfilava em carro aberto na cidade de Dallas, no Texas. A investigação oficial do caso aponta Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro naval que teria agido sozinho, como autor dos disparos.
O suspeito, porém, foi morto dois dias depois do crime que chocou o mundo e jamais chegou a ir a julgamento. Por causa das supostas falhas no inquérito, o caso é alvo de diversas teorias da conspiração.
“De acordo com a diretriz do presidente Donald Trump, todos os documentos anteriormente retidos para classificação que fazem parte da ‘Coleção de Registros de Assassinato do Presidente John F. Kennedy’ estão sendo divulgados”, informou o Arquivo Nacional em um comunicado em seu site.
Milhares de páginas de documentos relacionados ao crime já foram divulgadas nas últimas décadas, mas muitas delas foram retidas a pedido da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) e do FBI por questões de segurança nacional.
No entanto, segundo acadêmicos, os novos documentos dificilmente conteriam revelações explosivas ou acabariam com teorias de conspiração sobre o assassinato do 35º presidente dos EUA, tendo em vista que muitos dos arquivos já revelados continham informações brutas, incluindo dezenas de relatórios de agentes do FBI seguindo pistas que não levavam a lugar nenhum.
Entre os papéis também há o fato de que a CIA, obcecada por comunistas, teria tramado vários planos bizarros para assassinar Fidel Castro em Cuba.
Ao longo dos anos, centenas de livros e filmes, como o longa de Oliver Stone, de 1991, “JFK”, alimentaram a indústria da conspiração, apontando o dedo para os rivais da Guerra Fria, a União Soviética ou Cuba, a máfia e até mesmo o então vice-presidente de Kennedy, Lyndon Johnson.
A divulgação dos documentos ocorre após uma lei do Congresso de 26 de outubro de 1992, que exigiu que os registros de assassinatos não redigidos mantidos nos Arquivos Nacionais fossem divulgados integralmente 25 anos depois.
Brasil – Nos novos arquivos secretos, o Brasil é citado em alguns deles no contexto da Guerra Fria e da influência de China e Cuba na América Latina. Um dos relatórios diz que o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, negou apoio oferecido pelos governos cubanos e chineses em agosto de 1961.
Um telegrama da CIA afirma que Brizola liderava os esforços para garantir que João Goulart assumisse a presidência depois da renúncia de Jânio Quadros. Na ocasião, Fidel Castro e Mao Tse-Tung ofereceram apoio, incluindo “voluntários”, mas o governador negou por temer uma crise nas relações internacionais do Brasil. (ANSA).