Trump descarta adiar tarifaço que atinge o Brasil

Trump descarta adiar tarifaço que atinge o Brasil

"BrasilPresidente americano confirmou que sobretaxas globais passarão a valer em 1º de agosto. Medida havia sido adiada anteriormente.O presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou neste domingo (27/07) que não vai mais adiar a data de imposição de tarifas abrangentes contra produtos estrangeiros, definida para 1º de agosto.

Em coletiva de imprensa ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Escócia, Trump disse que o "1º de agosto é para todos". Ele se reuniu com a chefe da União Europeia para tentar destravar um acordo comercial com o bloco.

O pacote de tarifas inclui a sobretaxa de 50% definida para o Brasil, que o governo brasileiro pleiteava adiar para conseguir maior espaço de negociação.

Mais cedo, o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, também confirmou que o prazo final para a imposição das barreiras tarifárias é "firme" e não haverá prorrogações.

"Portanto, sem extensões, sem mais períodos de carência. Em 1º de agosto, as tarifas estão definidas. Elas entrarão em vigor. A alfândega começará a coletar o dinheiro, e seguimos em frente", disse Lutnick em entrevista à Fox News.

Anteriormente, o governo americano adiou diversas vezes a data para as medidas entrarem em vigor, mantendo uma alíquota padrão de 10% até que novos acordos fossem celebrados.

Adiamento não levou a novos acordos

O tarifaço foi estabelecido por Trump em 2 de abril, segundo ele, para corrigir práticas que considera desleais e balancear o déficit comercial que os EUA têm com diversos países. Inicialmente, a medida mirava uma alíquota mínima para 180 nações, que escalava para valores maiores a cada caso.

Mesmos parceiros históricos dos EUA, como Canadá e União Europeia, foram inicialmente impactados.

Sob pressão interna devido ao impacto na indústria, porém, Trump suspendeu a decisão dias depois e impôs uma alíquota base de 10%, que agora perderá efeito na próxima sexta-feira e dará lugar às novas taxas.

Até agora, apenas cinco países fecharam acordos com o governo Trump: Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão. O número contraria a previsão da Casa Branca de fechar "90 acordos em 90 dias", prometida quando o presidente suspendeu a medida pela primeira vez, em abril.

Caso do Brasil foge à regra

Países como África do Sul e Coreia do Sul, por exemplo, serão imediatamente impactados com impostos de importação que ultrapassam 25% do valor do produto.

O caso do Brasil, contudo, foge da regra, uma vez que Washington tem superávit comercial nas trocas comerciais e as sanções, segundo o presidente americano, visam pressionar o sistema Judiciário contra o processo penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O movimento levou senadores americanos a acusarem o chefe da Casa Branca de abuso de poder.

Na última quinta-feira, Trump disse que o piso antes previsto em 10% subirá para 15%, e produtos de países "sem boa relação", como o Brasil, ficarão 50% mais caros. Segundo Howard Lutnick, a imposição das sobretaxas não impede que os países continuem negociando pactos comerciais.

China e Europa negociam acordo

Neste domingo, Trump voltou a dizer a repórteres que vê uma chance de 50% de fechar um acordo com a União Europeia. O bloco enfrentará uma tarifa geral de 30% imposta pelos EUA, caso não feche um pacto comercial até 1º de agosto.

A Comissão Europeia, que negocia em nome dos países da UE, tenta salvar uma relação comercial que movimenta 1,9 trilhão de dólares (R$ 10,5 trilhões) anuais em bens e serviços.

Já em relação à China, Trump afirmou seu governo está perto de chegar a um consenso com Pequim. "Estamos muito perto de um acordo com a China. Nós meio que já fizemos um acordo com a China, mas vamos ver como isso evolui", disse ele.

gq (AFP, Reuters, OTS)