O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que enfrenta dezenas de acusações por manuseio negligente de documentos sigilosos do governo, defendeu-se nesta segunda-feira (19), em entrevista ao canal de TV conservador Fox News, na qual disse que estava “muito ocupado” para revisar os documentos.

O ex-presidente é alvo de 37 acusações, após levar consigo montanhas de documentos ao deixar a Casa Branca e tentar evitar que investigadores os recuperassem.

Em entrevista exibida na noite de hoje, Trump disse que, como desocupou a Casa Branca rapidamente em janeiro de 2021, seus pertences foram misturados com documentos do governo. “No meu caso, tirei tudo com muita pressa, mas pessoas empacotaram e fomos embora. E eu tinha roupas lá, tinha todo tipo de itens pessoais lá, muitas coisas. Tenho todo o direito de ter essas caixas”, afirmou.

Perguntado pelo apresentador Bret Baier sobre o porquê de não ter entregue os documentos quando funcionários solicitaram, Trump respondeu: “Porque eu tinha caixas. Quero examiná-las e tirar todas as coisas pessoais. Não quero entregá-las ainda. Estava muito ocupado.”

O Departamento de Justiça apresentou provas em áudio de uma reunião que Trump teve em julho de 2021, quando já não era mais presidente, com um autor, um editor e dois membros de sua equipe, em que o ex-presidente teria mostrado um documento “secreto” e “altamente confidencial”. Pressionado por Baier na entrevista, Trump disse que o que mostrou “não foi um documento. Tinha cópias de artigos jornalísticos, de revistas. Era uma quantidade enorme de papéis e outras coisas que falavam sobre o Irã e outros assuntos.”

Baier também foi incisivo ao perguntar a Trump sobre os muitos republicanos que lhe serviram e que, agora, desafiam o ex-presidente em seu caminho à Casa Branca ou o criticam, entre eles Bill Barr, que, como procurador-geral, negou-se a concordar com suas alegações de fraude eleitoral. Quando Trump repetiu estas afirmações, Baier lhe disse: “Você perdeu as eleições de 2020.”

O ex-presidente, 77, também está na mira da Justiça por seu suposto papel no ataque ao Capitólio por uma multidão de apoiadores, em janeiro de 2021. O julgamento criminal relacionado ao caso aberto em Nova York deve acontecer em janeiro de 2024, em plena campanha para as primárias republicanas, nas quais Trump é o grande favorito.

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