O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou nesta terça-feira (29) os líderes republicanos no Congresso pela possibilidade de seu governo terminar com uma humilhante anulação de seu veto ao orçamento da Defesa.
“Os fracos e cansados ‘líderes’ republicanos vão permitir que a terrível Lei de Defesa passe”, disse o presidente em fim de mandato de 74 anos de seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, onde aproveita suas férias.
“É um ato vergonhoso de covardia e submissão total por parte das pessoas fracas à indústria de tecnologia”, disse Trump, que explicou que vetou a regulamentação em parte porque ela não revoga uma seção que fornece proteção contra responsabilidade institucional para empresas da internet para conteúdo postado por terceiros.
O presidente pediu que eles “negociassem uma lei melhor” e também os criticou por não apoiá-lo em suas alegações – sem comprovação – de que houve fraude nas eleições de 3 de novembro, vencidas pelo democrata Joe Biden.
“Precisamos de uma liderança republicana nova e enérgica”, escreveu ele no Twitter, chamando os líderes de seu partido de “patéticos” e afirmando que eles só sabem perder e que muitos parecem ter esquecido que foi ele quem os ajudou a serem eleitos.
Esses ataques ocorrem uma semana antes do segundo turno das eleições para o Senado na Geórgia, uma eleição na qual duas cadeiras estão em jogo e que determinará qual partido terá o controle da Câmara Alta.
Trump tem viagem prevista para esse estado do sul em 4 de janeiro para apoiar os companheiros David Perdue e Kelly Loeffler nas eleições do dia seguinte.
Este estado costumava ser um reduto republicano, mas nas eleições presidenciais, Biden venceu por uma margem estreita e Perdue e Loeffler estão em um duelo muito próximo com os democratas Jon Ossoff e Raphael Warnock.
– Uma campanha de última hora –
A Câmara de Representantes – controlada pelos democratas – decidiu por 322 votos a favor e 87 contra a anulação do veto que Trump impôs à lei do orçamento da defesa de 740,5 bilhões de dólares, com 109 votos de republicanos.
Moção semelhante será analisada pelo Senado, onde os republicanos são maioria. A iniciativa precisa de um apoio de dois terços para ser aprovada e, assim, anular o veto. Em nota após a votação, a chefe da Câmara dos Representantes (baixa), Nancy Pelosi, criticou o veto como uma manobra “imprudente” e acusou a presidente de lançar uma campanha “do caos no último minuto”.
A votação aconteceu um dia depois de Trump ceder à pressão de ambos os partidos e assinar o pacote de ajuda econômica de 900 bilhões de dólares para ajudar famílias e empresas afetadas pela pandemia, que ele também ameaçou bloquear.
Trump reteve a lei sem assiná-la por dias, apesar do fato de que seu próprio secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, a negociou e que o regulamento ganhou apoio bipartidário no Congresso.
Essa manobra surpresa poderia ter deixado o governo sem recursos até esta terça-feira, privando também milhões de americanos de ajuda econômica para enfrentar a crise por conta da pandemia.
O presidente finalmente cedeu e assinou a lei no domingo, em um sinal das crescentes dificuldades com seu partido e da queda de seu poder poucos dias antes do final de seu mandato, em 20 de janeiro.
Incluindo a lei de Defesa, Trump exerceu o veto nove vezes durante seu mandato, mas até agora o Congresso não havia reunido os votos para anular esse privilégio executivo.