O ex-presidente americano Donald Trump criou uma “falsa expectativa” sobre sua iminente prisão, disse, nesta quinta-feira (23), o promotor de Manhattan que investiga o ex-presidente pelo pagamento de 130.000 dólares a uma atriz pornô, enquanto crescem as tensões por uma possível acusação.

Aos três congressistas republicanos que lhe escreveram na segunda (20) pedindo que fizesse uma declaração no Congresso sobre o caso, o gabinete do procurador Alvin Bragg respondeu nesta quinta com outra carta.

Na carta, os republicanos – entre eles o presidente da comissão de Justiça, Jim Jordam – acusaram Bragg, um democrata, de “perseguição política” depois que Trump disse no sábado que seria preso na terça-feira.

“Sua carta… É uma investigação sem precedentes sobre um processo local que ainda não foi julgado”, escreveu Leslie Dubeck, assessora geral do gabinete de Bragg, nesta quinta.

“A carta foi escrita depois que Donald Trump criou uma falsa expectativa de que seria detido (…) e seus advogados os encorajaram a intervir. Nenhum dos fatos constitui uma base legítima para a investigação do Congresso”, acrescentou.

Trump fez o anúncio em sua plataforma Truth Social, causando uma comoção midiática, e convocou seus apoiadores a protestos “maciços”, pondo em alerta máximo a polícia nova-iorquina, que ergueu barricadas em frente ao escritório de Bragg, no sul de Manhattan, e na Trump Tower.

No entanto, não se sabe quando acontecerá o indiciamento, se é que ela vai ocorrer.

O grande júri, encarregado de votar se Trump será indiciado, não vai se reunir nesta quinta-feira, o que impossibilita uma decisão antes da próxima semana.

O republicano de 76 anos, que aspira voltar à Casa Branca nas eleições de 2024, pode se tornar o primeiro ex-presidente a ser indiciado pela Justiça.

A procuradoria investiga o pagamento de 130.000 dólares (cerca de R$ 560 mil) à atriz pornô Stormy Daniels na reta final da campanha presidencial de 2016, para comprar seu silêncio sobre uma relação que teriam mantido 10 anos antes, algo que o magnata sempre negou.

O então advogado de Trump, Michael Cohen, que testemunhou ao grande júri, assegurou que fez o pagamento em nome do seu antigo chefe e que depois foi reembolsado.

Porém, se o pagamento não foi devidamente contabilizado, pode resultar em uma contravenção por falsificação contábil, e pode acarretar na violação da lei de financiamento de campanha eleitoral, que pode levar a 4 anos de prisão, segundo especialistas.

Trump alega ser alvo de uma “caça às bruxas”.

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