O grande favorito da direita americana, Donald Trump, e sua antiga embaixadora na ONU, Nikki Haley, enfrentam-se na noite desta terça-feira (23) nas primárias republicanas de New Hampshire, as quais decidirão o resto da corrida à Casa Branca.

“Saiam da cama e vão votar”, instou o ex-presidente na noite desta segunda, durante um ato de campanha em Laconia, neste estado do nordeste do país. “Devemos ir porque temos que vencer por ampla margem”, acrescentou.

Trump supera Haley com quase 20 pontos nas pesquisas para esta segunda primária.

Mas a embaixadora rejeita a pressão para se alinhar a Trump. “Nos Estados Unidos temos eleições, não coroações”, afirma, apelando ao espírito de independência dos eleitores frente às “elites políticas”.

A eleição primária “sempre foi uma maratona e nunca um sprint”, disse ela nesta terça na cidade de Hampton.

Haley disse confiar em obter “um bom resultado em New Hampshire” que a mantenha na corrida pelas primárias em seu estado natal, a Carolina do Sul, dentro de um mês até a “Superterça”, em março.

A desistência da corrida no último fim de semana por parte do governador da Flórida, Ron DeSantis, há muito considerado o principal rival conservador de Trump, reduz a batalha a um duelo, que se anuncia muito desigual.

Trump conta com uma base leal de apoiadores e venceu as primárias de Iowa em 15 de janeiro com uma enorme vantagem sobre DeSantis (segundo) e Haley (terceiro). Se arrasar em New Hampshire, Trump, de 77 anos, para ser nomeado candidato republicano contra o democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro.

Mas, se Haley, de 52 anos, diminuir a diferença, ou vencer nesse estado onde os eleitores não afiliados podem votar, então ela ficaria bem posicionada para a próxima votação, no final de fevereiro, em seu estado natal, a Carolina do Sul.

Nesta terça também são realizadas as primárias democratas em New Hampshire, mas sem cédulas com o nome de Biden devido a desavenças com o braço local do partido.

Biden dedicará o dia a fazer campanha na Virgínia (leste) com sua vice-presidente, Kamala Harris, sobre o direito ao aborto, ameaçado ou já proibido em grande medida nos estados governados pelos republicanos.

– “Grande vitória” –

Patricia Ferrante, uma aposentada de 68 anos de Hudson, New Hampshire, “não gosta muito” de Nikki Haley e prevê uma “grande vitória” do magnata hoje à noite.

Haley “parece estar do lado das pessoas que têm dinheiro, das pessoas que desprezam” os outros, disse à AFP. A aposentada acredita que Trump está com “os trabalhadores”.

“Ele não despreza a gente”, completa.

Enquanto isso, Trump se orgulha das pesquisas em sua rede Truth Social e mais uma vez se referiu à sua rival pelo apelido que lhe deu: “cabeça oca”. No fim de semana, já havia afirmado que “ela não era dura o suficiente (…), inteligente o suficiente (…), respeitada o suficiente”.

Embora Trump não tenha parado de assediá-lo, DeSantis pediu aos conservadores que votem no magnata republicano.

“Para mim, está claro que a maioria dos eleitores das primárias republicanas quer dar outra chance a Donald Trump”, disse ele, jogando a toalha.

– “Declínio”, “caos” –

Haley precisa medir suas palavras para criticar Trump, sem irritar os trumpistas. Isso não a impediu, porém, de questionar a capacidade mental de seu adversário depois que ele a confundiu, em um discurso, com a ex-presidente democrata da Câmara de Representantes Nancy Pelosi.

Trump “simplesmente não está no mesmo nível de 2016. Acho que estamos vendo parte desse declínio”, mas acima de tudo, que “o caos o segue”, disse ela à rede CBS.

Essa é a gota d’água para o empresário, que zomba de Biden justamente por sua idade (81 anos) e suas gafes, chegando até a imitar seu jeito de andar.

Na prática, não há diferenças programáticas transcendentais, mas existem matizes.

Sobre a imigração, por exemplo, ambos são a favor do fechamento da fronteira com o México, mas Trump vai mais longe, ao acusar os migrantes de “envenenarem o sangue” do país.

New Hampshire representa apenas 22 delegados do total de 1.215 que nomearão oficialmente o candidato republicano em julho, em Milwaukee.

Mas, em comparação com estados mais conservadores, é revelador para medir a temperatura nacional e as próximas primárias, dado que os eleitores não afiliados podem votar nas primárias dos dois partidos – Republicano e Democrata.

Trump, processado em vários casos, incluindo um por alegadamente ter tentado alterar os resultados das eleições de 2020, vai alternar sua agenda entre comparecimentos à Justiça e ida a comícios de campanha nos próximos meses.

Na segunda-feira, estava previsto que ele testemunhasse em um julgamento por difamação em Nova York, mas a audiência foi adiada.

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