O ex-presidente Donald Trump e vários de seus colaboradores estão entre os conspiradores não acusados em um processo penal em Michigan por tentarem anular os resultados das eleições de 2020, revelou nesta quarta-feira (24) um investigador citado por meios de comunicação americanos.

Em julho de 2023, Dana Nessel, a procuradora-geral do estado de Michigan (norte dos Estados Unidos), apresentou acusações contra 16 “falsos delegados republicanos”, dos quais 15 se declararam inocentes, enquanto o décimo sexto aceitou cooperar com os promotores em troca da retirada das acusações contra ele.

Além dessas 16 pessoas, a investigação envolve vários “conspiradores não acusados”, incluindo Trump, seu ex-advogado pessoal Rudy Giuliani, seu último chefe de gabinete na Casa Branca, Mark Meadows, e uma de suas ex-advogadas Jenna Ellis, informou o agente especial Howard Shock em uma audiência preliminar na cidade de Lansing, Michigan.

Esses quatro também estão entre as 19 pessoas apontadas pela justiça da Geórgia (sudeste), outro estado-chave, por tentativas ilegais de reverter os resultados das eleições de 2020.

Shock, ao ser interrogado pelo advogado de um dos supostos falsos delegados, respondeu “sim” à pergunta se cada uma dessas quatro pessoas era considerada um “conspirador”.

De acordo com a tradição judicial americana, os nomes dos conspiradores não são publicados pela promotoria até que sejam processados.

Segundo Nessel, em dezembro de 2020, os 16 acusados se reuniram “em segredo” no porão da sede estadual do Partido Republicano para assinar documentos nos quais certificavam que eram os delegados legítimos de Michigan.

Esses certificados falsos foram enviados depois ao Senado dos Estados Unidos para substituir os dos delegados democratas de Michigan, estado que o candidato democrata Joe Biden ganharia em 2020 e não o republicano em exercício.

Nos Estados Unidos, o presidente é eleito por voto universal indireto, e cada estado atribui seus delegados – representantes que votam segundo a vontade dos eleitores e cujo número depende essencialmente de sua população – ao candidato que tenha ficado em primeiro lugar.

– Acusações no Arizona –

Por sua vez, a procuradora-geral do Arizona, Kris Mayes, também anunciou nesta quarta-feira que o estado apresentou acusações contra 18 pessoas envolvidas em um plano para subverter os resultados das eleições de 2020.

Mayes disse que um grande júri acusou 11 republicanos locais, incluindo o ex-presidente do partido estadual, bem como outros sete republicanos de outros estados.

As acusações de crimes graves – alegando uma conspiração para conceder a lista de delegados do Arizona a favor de Trump, um estado-chave – são o mais recente esforço de um estado para responsabilizar aqueles que apoiaram Trump em suas falsas afirmações de vitória.

Joe Biden venceu lá por pouco mais de 10 mil votos, mas muitos funcionários do partido republicano insistiram – sem provas – que houve fraude e que Trump foi o verdadeiro vencedor.

Este plano para substituir Biden por falsos delegados em sete estados-chave é o cerne da conspiração da qual Trump é acusado em um processo federal em Washington e pelos tribunais da Geórgia.

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