Trump confirma tarifa de 25% sobre produtos da Índia

Ao anunciar a medida, presidente americano criticou a política comercial indiana e a relação amigável com a Rússia, de quem o país compra armamentos e energia.

Trump confirma tarifa de 25% sobre produtos da Índia

O presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou que, a partir desta sexta-feira (01/08), aplicará uma tarifa de 25% sobre os produtos indianos, bem como outras penalidades financeiras.

“Embora a Índia seja nossa amiga, ao longo dos anos fizemos relativamente poucos negócios com eles porque suas tarifas são muito altas, entre as mais altas do mundo, e eles têm as barreiras comerciais não monetárias mais extenuantes e desagradáveis de qualquer país”, afirmou Trump em uma postagem nesta quarta-feira em sua plataforma Truth Social.

“Eles sempre compraram a grande maioria de seus equipamentos militares da Rússia e são os maiores compradores de energia da Rússia, junto com a China, em um momento em que todos querem que a Rússia pare de matar na Ucrânia – nada disso é bom!”, acrescentou Trump.

Crítica às relações da Índia com a Rússia

A Índia e a Rússia mantêm laços amigáveis, apesar da invasão em grande escala da Ucrânia ordenada pelo Kremlin em fevereiro de 2022.

Embora os EUA, a União Europeia (UE) e outras nações, como o Japão, tenham imposto sanções à Rússia devido à invasão, a Índia não aderiu às medidas econômicas punitivas contra Moscou.

A crítica de Trump à postura amigável da Índia com Moscou surge em um momento em que o presidente dos EUA se mostra cada vez mais cético sobre a vontade do presidente russo, Vladimir Putin, de pôr fim à invasão da Ucrânia e comprometer-se com a paz.

Na segunda-feira, Trump estabeleceu um prazo de 10 dias para a Rússia chegar a um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia, caso contrário Moscou enfrentará sanções secundárias. Durante sua campanha para a Casa Branca em 2024, Trump prometeu acabar com o conflito na Ucrânia.

A Índia e a Rússia, assim como o Brasil, a China e a África do Sul, são membros do Brics, grupo de países que está na mira de Trump, em especial devido a discussões sobre a adoção de moedas alternativas ao dólar no comércio internacional.

No início de julho, Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer nação que apoie as “políticas antiamericanas” do grupo.

Logo em seguida, anunciou um tarifaço de 50% sobre os produtos do Brasil, quando também criticou o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. As tarifas contra o Brasil também estão programadas para entrar em vigor nesta sexta-feira.

Progresso nas negociações com outros países

As tarifas sobre as importações da Índia foram confirmadas após Trump alcançar acordos comerciais com outros países, como Japão, Filipinas, Indonésia e a UE.

A Índia, país mais populoso do mundo, também tem uma das maiores economias do planeta. Trump há muito critica as políticas comerciais indianas e, em 2019, durante seu primeiro mandato, retirou o status comercial especial da Índia com os EUA.

Em abril, alguns meses após o início de seu segundo mandato, Trump anunciou “tarifas recíprocas” de até 50% para países de todo o mundo, com uma tarifa de 26% a ser imposta sobre produtos indianos.

No final daquele mês, Trump disse que adiaria tarifas superiores a 10% por 90 dias para dar espaço às negociações comerciais, com exceção da China.

De acordo com o Departamento do Censo dos EUA, o país teve um déficit comercial de 45,7 bilhões de dólares com a Índia no ano passado. Trump tem criticado frequentemente os déficits comerciais dos EUA com outros países.

Embora Trump acredite que as tarifas ajudarão a equilibrar o comércio dos EUA com a Índia, muitos economistas afirmam que elas acabarão sendo repassadas ao consumidor americano e poderão prejudicar a atividade econômica dos EUA.