O ex-presidente Donald Trump, grande favorito a vencer a disputa republicana para disputar as eleições presidenciais de 2024, comparece nesta quinta-feira (3) a um tribunal de Washington depois de ter sido acusado de conspiração para tentar reverter o resultado da votação de 2020.

Em um texto de 45 páginas publicado na terça-feira, o promotor especial Jack Smith acusou Trump de minar as bases da democracia americana ao tentar alterar a apuração dos votos nas eleições presidenciais, um indiciamento sem precedentes e particularmente grave considerando que ele era o presidente em exercício no momento.

As outras acusações criminais apresentadas contra ele este ano, uma por fraude contábil após o pagamento de dinheiro a uma atriz pornô para comprar seu silêncio e outra por ter colocado em perigo a segurança nacional com a gestão negligente de documentos confidenciais, correspondem a um período anterior e posterior a seu mandato.

O tribunal onde serão lidas as acusações fica perto do Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos, que foi atacado por centenas de partidários de Donald Trump em 6 de janeiro de 2021 em uma tentativa de impedir a certificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden.

O ataque foi “incentivado pelas mentiras” que o acusado divulgou durante meses sobre uma suposta fraude eleitoral a favor de Biden, declarou Smith depois de anunciar o indiciamento.

No início da manhã, cerca de cem jornalistas fizeram fila para entrar no tribunal. Tanto o prédio quanto o Capitólio estão cercados por barreiras de segurança.

– “Instrumentalização” –

O promotor afirmou na terça-feira que deseja um “julgamento sem demora”, o que significa que poderia coincidir com a campanha das eleições presidenciais de 2024, e talvez com Trump como candidato. No momento, ele é o grande favorito das primárias republicanas.

Até o momento, o impacto da nova acusação para sua candidatura é desconhecido.

O ex-presidente já denunciou uma “caça às bruxas”, uma nova “interferência eleitoral” e o “uso político” da justiça para impedir sua candidatura. E insiste, sem apresentar qualquer prova, que uma “fraude” ocorreu nas eleições 2020.

Nesta quinta-feira, ele se manteve firme. Em sua plataforma Truth Social, acusou Biden de ordenar ao Departamento de Justiça que lhe atribuísse “quantos crimes pudessem ser inventados”. Eles querem, diz ele, forçá-lo a “gastar muito tempo e dinheiro se defendendo”.

Trump já gastou milhões de dólares com advogados, quase esgotando seus fundos de campanha, para os quais arrecadou até agora mais de US$ 54 milhões (R$ 259 milhões) em seis meses, muito mais do que seus rivais republicanos.

“Os democratas não querem competir comigo, senão não recorreriam a essa instrumentalização sem precedentes da ‘Justiça’. Mas logo, em 2024, será a nossa vez”, acrescentou.

Na quarta-feira, ele se mostrou combativo ao afirmar que “nunca antes tive tanto apoio”, em mensagem publicada em sua plataforma Truth Social.

Segundo ele, a acusação “revelou ao mundo a corrupção, o escândalo e o fracasso que aconteceram nos Estados Unidos durante os últimos três anos”, sob o mandato de seu sucessor.

Apesar dos problemas judiciais, Trump conta com a lealdade de um amplo setor de seu partido. Ele mantém uma vantagem considerável nas pesquisas para a indicação republicana, muito à frente do rival mais próximo, o governador da Flórida, Ron DeSantis.

E esta pode não ser sua última dor de cabeça judicial. A Promotoria da Geórgia também investiga se Trump tentou alterar ilegalmente o resultado das eleições de 2020 no estado do sul do país.

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