Donald Trump transformou nesta terça-feira (25) um simples ritual de Washington em uma provocação política ao conceder perdão a dois perus na cerimônia anual de Ação de Graças na Casa Branca.
Desde a época de Abraham Lincoln, os presidentes americanos evitam que perus sortudos se tornem o prato principal do Dia de Ação de Graças, embora a cerimônia só tenha se tornado uma tradição anual quando John F. Kennedy a oficializou em 1963.
As aves deste ano, Waddle e Gobble, da Carolina do Norte, estavam destinados a ser os protagonistas de um momento festivo e bipartidário.
Mas Trump aproveitou a ocasião para atacar seus adversários democratas e até reviveu uma teoria da conspiração sobre o processo de perdão de seu antecessor, Joe Biden.
Waddle esteve ausente por razões que não ficaram imediatamente claras, mas Gobble apareceu e deu a impressão de estar agradecido por não ir ao forno junto com muitos outros alvos de Trump.
O presidente disparou seus ataques contra Chicago, insistindo mais uma vez que poderia acabar com a criminalidade na terceira maior cidade dos Estados Unidos se o governador de Illinois, J.B. Pritzker – a quem chamou de “gordo e preguiçoso” – simplesmente lhe permitisse enviar tropas federais. Também afirmou que o prefeito de Chicago, Brandon Johnson, tinha um “QI baixo”.
Depois foi a vez de Biden, a quem se referiu pelo apelido de “Joe Dorminhoco”.
“Ele usou uma máquina para assinar e conceder o perdão aos perus no ano passado”, afirmou, dizendo que isso invalidou todo o processo.
Trump afirma com frequência que Biden, a quem considera senil, seria incapaz de governar e que sua equipe teria recorrido a uma máquina para imitar sua assinatura.
Na galeria que circunda o Jardim das Rosas da Casa Branca, onde ocorreu a cerimônia desta terça-feira, Trump pendurou uma coleção de retratos de presidentes norte-americanos em molduras douradas. O de Biden foi substituído por uma fotografia em preto e branco de uma máquina de assinatura.
Nem mesmo as aves escaparam de se transformar em adereços políticos. Trump ponderou em voz alta sobre mudar o nome dos dois sortudos perus.
“Eu ia chamá-los de Chuck e Nancy, mas percebi que nunca poderia perdoá-los”, disse, em alusão a figuras do Partido Democrata: o atual líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, e a ex-presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
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