O presidente Donald Trump atacou, na sexta-feira (24), o acesso ao aborto nos Estados Unidos e no exterior, após prometer a dezenas de milhares de ativistas reunidos em Washington que protegerá os “avanços históricos” do movimento “pró-vida”.
O republicano reverteu duas ordens executivas assinadas por seu antecessor, Joe Biden, que protegiam o acesso ao aborto, que o ex-presidente colocou em prática após a decisão da Suprema Corte de derrubar o direito constitucional ao procedimento em 2022.
Com seu próprio decreto, Trump também cortou o financiamento de grupos estrangeiros da sociedade civil que prestam serviços de aborto e reintegrou os Estados Unidos em uma declaração internacional que se opõe ao direito.
Um memorando da Casa Branca divulgado na sexta-feira restabeleceu a chamada Política da Cidade do México de 1984, conhecida pelos críticos como a “regra da mordaça global”, que proíbe ONGs estrangeiras de usar a ajuda americana para apoiar serviços ou a defesa do aborto.
Separadamente, o governo Trump anunciou que também voltaria a participar da “Declaração do Consenso de Genebra” de 2020, na qual vários países se comprometem a “proteger a vida em todas as etapas.
Essas medidas “são ataques diretos à saúde e aos direitos humanos de milhões de pessoas em todo o mundo”, reagiu Rachana Desai Martin, do Center for Reproductive Rights, em comunicado.
No mesmo dia, Trump encontrou milhares de ativistas antiaborto em Washington, na 52ª edição da Marcha pela Vida, um dia após o republicano indultar 23 ativistas antiaborto processados durante o governo Biden.
“Protegeremos os avanços históricos que alcançamos e impediremos a pressão democrata radical por um direito federal ilimitado ao aborto, até o momento do nascimento e além”, disse ele em uma mensagem de vídeo gravada, enquanto visitava áreas afetadas por desastres naturais na Carolina do Norte (leste) e na Califórnia (oeste).
J.D. Vance, vice-presidente dos EUA, e Mike Johnson, presidente republicano da Câmara dos Representantes, também falaram aos manifestantes.
Membros do grupo supremacista branco americano e neonazista Patriot Front foram vistos no desfile, portando bandeiras e imagens religiosas. Aos pés do célebre obelisco da capital americana, seu líder, Thomas Rousseau, 26, ladeado por dois homens com o rosto coberto, defendeu, entre seus “princípios patrióticos”, a “reabilitação da estrutura da família americana”.
A presença de Rousseau não agradou a alguns manifestantes. “Ser pró-vida não significa ser pró-branco”, ressaltou o professor de filosofia da Carolina do Norte Greg Stearns, 36. “Não suporto vê-los aqui, transmitem uma mensagem equivocada”.
O movimento “pró-vida”, como seus ativistas se autodenominam, obteve uma vitória histórica em junho de 2022, quando a Suprema Corte americana anulou a decisão “Roe v Wade”, que protegia o acesso ao aborto em nível federal.
Trump costuma ressaltar que contribuiu para o fim da garantia constitucional do direito ao aborto, por ter nomeado em seu primeiro mandato três juízes conservadores para a Suprema Corte.
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