O presidente Donald Trump reconheceu oficialmente, nesta segunda-feira (25), a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, uma área fronteiriça tomada da Síria em 1967.

“Isso estava sendo preparado há muito tempo”, afirmou Trump, ao lado do premiê Benjamin Netanyahu na Casa Branca.

O reconhecimento, por parte dos EUA, do controle de Israel sobre este território rompe décadas de consenso internacional.

Para Netanyahu, trata-se de um reconhecimento “histórico”. Segundo ele, as colinas de Golã vão permanecer sob controle israelense. “Nunca renunciaremos a elas”, frisou.

“Sua proclamação vem no momento em que Golã é mais importante do que nunca para nossa segurança”, agradeceu a Trump.

“Isso deveria ter acontecido há décadas”, estimou Trump, como fez em 2017 ao reconhecer Jerusalém como a capital do Estado hebreu, rompendo igualmente com a tradição americana e o consenso internacional.

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Israel conquistou uma grande parte das colinas de Golã (1.200 km2) durante a Guerra dos Seis Dias em 1967, antes de anexar a área em 1981. Esta anexação jamais foi reconhecida pela comunidade internacional, e a decisão de Trump foi criticada por muitos países.

No mesmo pronunciamento na Casa Branca, o presidente Trump disse também que os Estados Unidos “reconhecem o direito absoluto de Israel de se defender”.

Trump classificou como um “ataque desprezível” o lançamento de um foguete da Faixa de Gaza. Nele, sete pessoas ficaram feridas perto de Tel Aviv, no domingo à noite. Em resposta, o Exército israelense lançou ataques na Faixa de Gaza.

De acordo com o premiê Netanayahu, os ataques militares contra alvos do Hamas na Faixa de Gaza são uma represália contra a “agressão sem sentido”.

“Enquanto falamos, Israel está respondendo energicamente a esta agressão sem sentido”, disse Netanyahu durante a visita a Trump, referindo-se ao ataque com foguetes atribuído ao Hamas.

“Israel não vai tolerar isso. Não vou tolerar”, disse Netanyahu.

A proximidade entre Trump e Netanyahu, muito parecidos no trato do poder, dos eleitores e da imprensa, ficou nítida nesta segunda. Até a roupa dois dois líderes era parecida.

“Israel nunca teve um melhor amigo como vocês”, repetiu Netanyahu, que se apresenta como o homem mais bem preparado para gerir as relações com os Estados Unidos e seu impetuoso presidente.

Em contrapartida, nenhuma palavra foi dita sobre o plano de paz entre Israel e palestinos preparado há dois anos pela Casa Branca, que deverá apresentá-lo nas semanas seguintes às eleições de 9 de abril.

Apenas o vice-presidente americano, Mike Pence, fez uma vaga referência à questão, durante a conferência anual da American Israel Public Affairs Committee (Aipac), poderoso lobby pró-israelense.

– Oposição internacional –


Trump ficou isolado com sua decisão. As Nações Unidas e os aliados de Washington, França e Reino Unido, disseram que continuarão considerando as Colinas de Golã como “ocupados por Israel”.

A porta-voz da chancelaria rusa, Maria Zakharova, disse que a declaração de Trump “ignora todos os procedimentos internacionais” e “pode provocar uma nova onda de tensões” no Oriente Médio.

A Síria denunciou o “ataque flagrante” à sua soberania, enquanto que o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, criticou Trump por dar “virtualmente um presente eleitoral” a Netanyahu.

Paralelamente, o vice-presidente dos EUA Mike Pence ficou de pé na audiência do Aipac, quando classificou Trump como “o melhor amigo do povo judeu e do Estado de Israel”.

Em meio ao afeto mútuo expresso por Trump e Netanyahu, os principais democratas na corrida à Casa Branca tomaram distância do Aipac.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, um democrata em cuja ciudad vivem 1,2 milhão de judeus, reconheceu na Aipac as suas diferenças com Netanyahu, mas foi bastante aplaudido ao se opor a boicotear Israel por seu tratamento aos palestinos.


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