Os Estados Unidos lançaram um ataque contra uma lancha no Caribe e mataram três “narcoterroristas da Venezuela”, anunciou nesta segunda-feira (15) o presidente Donald Trump, pouco depois de Nicolás Maduro proclamar que seu país é vítima de uma agressão de “caráter militar”.
“Esta manhã, seguindo minhas ordens, as Forças Militares dos Estados Unidos realizaram um SEGUNDO ataque (…) contra cartéis de narcotráfico e narcoterroristas extraordinariamente violentos”, indicou Trump em sua rede Truth Social.
A mensagem de Trump é acompanhada por um curto vídeo em cores no qual se vê uma lancha de grandes dimensões em alto-mar, imóvel, e depois uma explosão que a destrói completamente. No vídeo, que parece ser de vigilância, observa-se ao menos uma pessoa dentro da embarcação.
As forças navais e aéreas americanas destacadas no Caribe já haviam abatido uma lancha, esta em movimento, há quase duas semanas, com um saldo de 11 mortos, “narcoterroristas”, segundo o mandatário republicano.
“Ficamos surpresos ao ver esta lancha”, comentou Trump mais tarde aos jornalistas na Casa Branca.
“Notamos que já não há barcos” na área marítima que os navios dos Estados Unidos patrulham, em frente às costas da Venezuela, explicou Trump.
“E sabem o que estamos dizendo aos cartéis? Vamos detê-los também se vierem por terra”, ameaçou.
– “Uma agressão em curso” –
O deslocamento sem precedentes na região e os ataques letais sem aparente aviso prévio provocaram alarme em países vizinhos.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, havia assegurado antes da mensagem de Trump que seu governo está disposto a repelir qualquer ataque contra sua soberania.
Há “uma agressão em curso, de caráter militar, e a Venezuela está facultada pelas leis internacionais a enfrentá-la”, indicou o mandatário venezuelano diante de jornalistas internacionais.
“É uma operação militar para amedrontar e para buscar uma mudança de regime, desestabilizar a Venezuela, parti-la em pedaços como fizeram com a Líbia e com a Síria, e apoderar-se e roubar nosso petróleo, nosso gás, nosso ferro e nosso ouro, e isso não aconteceu, nem vai acontecer”, sustentou na coletiva de imprensa.
O governo da Venezuela nega os vínculos com o narcotráfico e defende que o país está livre de narcocultivos. Segundo Caracas, durante 2025 foram apreendidas 56 toneladas de drogas.
Como parte de seu plano de defesa, na semana passada Maduro ordenou o deslocamento de ao menos 25 mil efetivos das Forças Armadas em estados fronteiriços com a Colômbia e na zona do Caribe.
Também lançou uma operação militar de “resistência” na quinta-feira com 2,5 milhões de efetivos militares nos “frentes de batalha” de todo o país.
“Essas operações vão continuar sendo realizadas sem aviso prévio, em qualquer momento, sob meu comando e a condução do Estado-Maior Superior Conjunto”, disse o governante na coletiva de imprensa realizada em um luxuoso hotel de Caracas.
– Comunicações “desfeitas” –
Sem relações diplomáticas desde 2019, Estados Unidos e Venezuela retomaram aproximações neste ano por meio de delegados para tratar de temas como a troca de prisioneiros e a deportação de migrantes venezuelanos.
Mas o aumento da recompensa por Maduro e o deslocamento militar destruíram as vias de comunicação com os Estados Unidos.
“Hoje posso anunciar que as comunicações com o governo dos Estados Unidos estão desfeitas, por eles, com suas ameaças de bombas, (…) assim que passaram de uma etapa de relações precárias de comunicação, a desfeitas”, disse Maduro.
“Não estão em zero” e se mantém apenas “um fio básico” com o embaixador John T. McNamara, em Bogotá, ponderou.
O mandatário venezuelano referiu-se ainda ao secretário de Estado americano, Marco Rubio, como “o senhor da morte e da guerra”.
Nesta segunda-feira, em uma entrevista à Fox News, Rubio disse que Maduro “representa uma ameaça direta à segurança nacional” dos Estados Unidos em razão do tráfico de drogas do qual Washington o acusa.
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