Trump ameaça retirar apoio a Milei em caso de derrota: ‘Se não ganhar, vamos embora’

Presidente dos Estados Unidos disse que não perderá tempo com Milei caso ele perca eleições legislativas

O presidente dos EUA, Donald Trump, recebe o presidente da Argentina, Javier Milei, na Casa Branca 14/10/2025 REUTERS/Jonathan Ernst

O apoio dos Estados Unidos à Argentina depende do sucesso do partido do presidente Javier Milei nas eleições legislativas de meio de mandato deste mês, disse o presidente Donald Trump nesta terça-feira, afirmando que “não perderemos nosso tempo” se a legenda de Milei não vencer.

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Os comentários de Trump ocorreram enquanto ele e Milei se reuniam na Casa Branca, poucos dias depois de os EUA concordarem em fornecer uma importante ajuda financeira à nação sul-americana.

“Estou com esse homem porque sua filosofia é correta e ele pode vencer”, disse Trump antes de um almoço na Casa Branca com Milei e membros do gabinete do norte-americano.

“Ele pode não ganhar, mas acho que vai ganhar. E se ele ganhar, nós ficaremos com ele. E se ele não ganhar, nós vamos embora.”

A declaração de Trump abalou os mercados argentinos que haviam sido impulsionados pelo pacote de apoio anunciado recentemente pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

O principal elemento do pacote diz respeito a um acordo de swap cambial de U$20 bilhões com o Banco Central da Argentina, trocando dólares americanos estáveis por pesos voláteis. O principal índice da bolsa argentina reverteu os ganhos anteriores e caiu cerca de 2% após os comentários de Trump

Na reunião desta terça-feira, Bessent afirmou que o pacote — cujos detalhes completos não foram anunciados — tem como base a continuidade das políticas econômicas favorecidas pelo governo Trump.

“Voltar às políticas peronistas causaria um repensar”, disse Bessent.

Bessent esclareceu, no entanto, que o pacote de ajuda não está condicionado ao fim do acordo de swap cambial separado entre a Argentina e a China.

“A assistência americana à Argentina não depende do fim do swap com a China”, disse Bessent.

A ajuda econômica à Argentina é uma medida incomum para os EUA. A Casa Branca apresentou o acordo como um esforço estratégico para estabilizar um importante aliado regional. Mas ele atraiu críticas em seu país.

Parlamentares democratas acusaram Trump de priorizar resgates estrangeiros e proteções a investidores enquanto o governo dos EUA continua paralisado. Agricultores norte-americanos também expressaram frustração, observando que a China transferiu as compras de soja dos produtores dos EUA para os produtores argentinos neste ano.

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A possível salvação de Milei

Embora os detalhes do acordo permaneçam obscuros, o resgate poderia oferecer a Milei um impulso político muito necessário, já que trabalha para evitar o agravamento da crise econômica e reforçar o apoio de seu partido.

Ele sofreu um grande revés no mês passado, quando a sigla perdeu uma eleição provincial importante e tem pela frente uma votação crítica de meio de mandato no final deste mês.

A assistência também deixa à  mostra até que ponto o governo Trump está disposto a apoiar um aliado político que cultivou fortes laços com o presidente e os conservadores norte-americanos nos últimos anos.

Trump descreveu Milei como seu “presidente favorito”, e o presidente argentino foi um dos dois líderes mundiais presentes no palco durante a posse de Trump.