O embaixador do Canadá na China renunciou ao posto a pedido do primeiro-ministro Justin Trudeau, em consequência de suas polêmicas declarações sobre a possível extradição da executiva da Huawei Meng Wanzhou para os Estados Unidos – informou o governo canadense neste sábado (26).

“Ontem à noite pedi a John McCallum que me apresentasse sua renúncia ao posto de embaixador do Canadá na China e a aceitei”, disse Trudeau em um comunicado, sem explicar os motivos de sua decisão.

Ele será substituído pelo atual chefe de missão adjunto na embaixada canadense em Pequim, Jim Nickel, que agora representará o Canadá na China como encarregado de negócios.

McCallum causou mal-estar ao comentar a situação de Meng Wanzhou, filha do fundador da Huawei. Ela está detida em Vancouver desde 1º de dezembro, a pedido da Justiça americana.

Acusada de burlar as sanções de Washington impostas ao Irã, a executiva se encontra em liberdade condicional. Sua detenção causou uma crise diplomática sem precedentes entre Ottawa e Pequim.

A China já prendeu dois canadenses, e um tribunal chinês condenou um terceiro à morte, após a detenção de Meng.

Na última quarta-feira, McCallum disse à imprensa que a defesa de Meng Wanzhou tinha um “caso muito sólido” para se opor à sua extradição. Também citou vários fatos que, segundo ele, eram favoráveis para a cidadã chinesa, como “o envolvimento político” do presidente americano, Donald Trump, neste caso.

Suas palavras lhe valeram críticas em seu país, e o líder da oposição conservadora, Andrew Scheer, pediu a Trudeau que o destituísse do posto.

Na quinta, McCallum lamentou suas declarações. De acordo com um jornal canadense, porém, no dia seguinte, em um jantar beneficente, ele teria comentado que seria “muito positivo para o Canadá”, se Washington renunciasse à extradição de Meng Wanzhou.