O Exército de Mianmar se retirou da cidade de Myawaddy, essencial para o comércio com a vizinha Tailândia, uma nova derrota para os militares que enfrentam diversos grupos dissidentes.

Na noite anterior, jornalistas da AFP presentes na passagem fronteiriça viram centenas de birmaneses fazendo fila para se refugiarem na cidade tailandesa de Mae Sot, do outro lado da fronteira.

A Tailândia possui uma fronteira de 2.400 quilômetros com Mianmar, onde um golpe militar em 2021 contra o governo democraticamente eleito da vencedora do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi reacendeu o conflito com as minorias étnicas.

Combatentes da União Nacional Karen (KNU) e outros grupos de oposição à junta lançaram um ataque em Myawaddy esta semana.

Essa localidade fronteiriça é crucial para a junta militar birmanesa, pois 1,1 bilhão de dólares (R$ 5,6 bilhões na cotação atual) em mercadorias transitaram por Myawaddy desde abril de 2023, segundo o Ministério do Comércio de Mianmar.

“Derrotamos o 275º batalhão [do Exército birmanês] ontem à noite, às 22h em ponto”, disse o porta-voz do KNU, Padoh Saw Taw Nee, nesta quinta-feira (11).

Ele também afirmou que o grupo controla a cidade e que cerca de 200 soldados se estabeleceram na ponte que liga Myawaddy à cidade tailandesa de Mae Sot.

Moradores de Myawaddy disseram que o Exército estava realizando ataques aéreos, mas não tinham visto combatentes do KNU nas ruas.

O controle total desta cidade seria uma nova derrota para a junta, que sofreu uma série de reveses no campo de batalha nos últimos meses.

Segundo as Nações Unidas, mais de 2,5 milhões de birmaneses foram deslocados desde o golpe de Estado.

“Viver em Mianmar se tornou difícil”, disse um jovem que acabou de chegar a Mae Sot. “Sinto-me mais livre depois de vir para este lado”, completou.

As autoridades tailandesas anunciaram que se preparam para acolher até 100 mil birmaneses.

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