Os cientistas Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov venceram o Prêmio Nobel de Química de 2023 por suas pesquisas sobre as nanopartículas, em uma edição marcada pelo vazamento dos nomes dos laureados antes do anúncio oficial.

O trio, que teve os nomes divulgados pela imprensa sueca durante a manhã, foi premiado pela “descoberta e síntese dos pontos quânticos”, afirmou o júri.

Os pontos quânticos são nanocristais de semicondutores, com diâmetro de entre 2 e 10 nanômetros. Um nanômetro mede um bilionésimo de metro.

Poucas horas antes do anúncio oficial dos vencedores, um comunicado de imprensa com os nomes dos cientistas foi enviado por engano a alguns meios de comunicação sueco. Hans Ellegren, secretário-geral da Real Academia Sueca de Ciências, responsável pelo anúncio, lamentou a divulgação antecipada.

“É algo muito infeliz. Lamentamos profundamente o ocorrido. O mais importante é que isso não afetou em nada a atribuição do prêmio”, disse.

O vazamento do nome de um vencedor do Nobel é algo raro. A Academia Sueca se esforça para que os debates aconteçam em sigilo. A lista de indicados de cada categoria permanece em sigilo durante 50 anos.

Depois da confusão, o Nobel foi atribuído a Alexei Ekimov, de 78 anos e nascido na Rússia, e Louis Brus, de 80 anos e nascido nos Estados Unidos, “pela descoberta que é possível fabricar pontos quânticos”; e a Moungi Bawendi, de 62 anos e nascido na França, por ter “elaborado um método de síntese que torna os pontos quânticos amplamente utilizáveis”, disse Heiner Linke, membro do Comitê do Nobel de Química.

Louis Brus é professor na Universidade de Columbia, em Nova York; Alexei Ekimov foi cientista chefe da empresa Nanocrystals Technology, com sede nos Estados Unidos; e Moungi Bawendi é professor no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

“Os laureados com o Nobel de Química em 2023 conseguiram produzir partículas tão pequenas que suas propriedades são determinadas por fenômenos quânticos”, explicou a Academia.

Diminutos componentes nanotecnológicos, os pontos quânticos difundem a luz dos aparelhos de televisão e das lâmpadas LED, e também podem orientar os cirurgiões durante a remoção de tecidos tumorais, segundo o comunicado da Academia.

– “Surpreso, impactado, honrado” –

Moungi Bawendi se declarou “muito surpreso, além de impactado e muito honrado”.

“Não sabia (do vazamento), fui acordado pela Academia Sueca. Estava dormindo profundamente”, declarou por telefone durante uma entrevista coletiva. Ele insistiu que não esperava a ligação.

A rádio sueca SR entrevistou Louis Brus, com quem a Academia Sueca não conseguiu entrar em contato. Ele disse que ficaria “extremamente feliz se a notícia fosse confirmada”.

“Eu preferia falar mais tarde, durante a manhã. Ainda estou tonto, mas é evidentemente uma grande honra”, disse à estação.

No ano passado, três cientistas (Carloyn Bertozzi, Barry Sharpless e Morten Meldal) foram premiados pelo desenvolvimento da “química click e bioortogonal”, utilizadas em particular em tratamentos farmacêuticos.

Como as outras categorias do Nobel, o prêmio de Química foi criticado pela falta de diversidade. Desde 1901, apenas oito mulheres receberam a honraria, entre 114 laureados.

Os três cientistas dividirão o prêmio, de 11 milhões de coroas suecas (1 milhão de dólares, 5 milhões de reais), que será entregue pelo rei Carl XVI Gustaf da Suécia em Estocolmo em 10 de dezembro, data da morte em 1896 do cientista Alfred Nobel, que expressou o desejo de criação do prêmio em seu testamento.

O Nobel de Química foi o terceiro anunciado na temporada, depois dos prêmios de Medicina e Física.

Na quinta-feira, será anunciado o vencedor de Literatura e, na sexta-feira, o Nobel da Paz. Na próxima segunda-feira (9), o prêmio de Economia encerra a temporada.

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