O francês Pierre Agostini, o austro-húngaro Ferenc Krausz e a franco-sueca Anne L’Huillier são os vencedores do Prêmio Nobel de Física de 2023 pela criação de ferramentas para estudar o deslocamento extremamente rápido dos elétrons dentro dos átomos e das moléculas.

Os físicos foram premiados por “métodos experimentais que geram pulsos de luz de attossegundos para o estudo das dinâmicas do elétron na matéria”, explicou o júri.

Os cientistas conseguiram criar pulsos de luz ultrabreves. “Um attossegundo é tão curto que há tantos em um segundo quantos os segundos que foram registrados desde o nascimento do universo” há mais de 13 bilhões de anos, explicou a Real Academia de Ciências Sueca.

O júri elogiou os vencedores pela criação de “pulsos extremamente curtos de luz que podem ser usados para medir os processos rápidos nos quais os elétrons se deslocam ou mudam de energia”.

“As contribuições dos laureados permitiram os estudos de processos que são tão rápidos que antes eram impossíveis de acompanhar e a identificação de diferentes moléculas, por exemplo, em diagnósticos médicos”, afirmou o Comitê Nobel.

As descobertas “abrem as portas para o mundo dos elétrons”, partículas elementares muito leves com carga elétrica negativa que gravitam ao redor do núcleo atômico.

– ‘Muito, muito especial’ –

Professora na Universidade de Lund, na Suécia, Anne L’Huillier, 65 anos, se tornou a quinta mulher a vencer o prêmio de Física desde a criação do Nobel, em 1901.

Ela disse que recebeu a ligação do júri durante uma aula e que “foi difícil terminá-la”.

“Estou muito emocionada […] Não há muitas mulheres que conseguem este prêmio, então é muito, muito especial”, disse L’Huillier.

Anne L’Huillier se junta a Marie Curie (1903), Maria Goeppert Mayer (1963), Donna Strickland (2018) e Andrea Ghez (2020) no seleto grupo de mulheres vencedoras do Nobel de Física.

L’Huillier explicou que seus estudos, além de analisar os elétrons, têm aplicações concretas na indústria dos semicondutores e nas técnicas de imagem.

Ao comentar o estudo destas partículas, ela disse que “neste tipo de processo, os elétrons são mais parecidos com ondas, como ondas de água, e o que tentamos medir com a nossa técnica é a posição da crista da onda”.

– ‘Em frente!’ –

Em uma entrevista coletiva horas mais tarde, a física estimulou as mulheres jovens a entrarem para a carreira científica. “Em frente!”, declarou. Casada e com dois filhos, ele insistiu que é possível combinar a pesquisa científica com uma “vida normal, com família e filhos”.

L’Huillier integrava a lista de favoritas depois de vencer no ano passado o prestigioso Wolf, apontado por muitos como um prêmio que antecipa o Nobel, ao lado de Krausz e do canadense Paul Corkum.

Krausz afirmou, no entanto, que não esperava a ligação.

“Não tinha certeza se estava sonhando ou se era realidade”, afirmou o físico austro-húngaro, diretor do Instituto Max Planck, na Alemanha.

O cientista disse que estava se preparando para um dia de portas abertas no instituto, onde apresentaria algumas conferências para os visitantes.

Por sua vez, Pierre Agostini é professor da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos.

Em 2001, Agostini conseguiu criar uma série de pulsos de luz de 250 attossegundos cada um. Nessa época, Ferenc Krausz trabalhava em outro experimento que lhe permitiu isolar um pulso de luz de 650 attossegundos.

Desde então, foram publicados “numerosos estudos”, enfatizou Pierre Agostini em uma entrevista divulgada por sua universidade. “É verdadeiramente fantástico, quando penso nisso, que tenha chegado tão longe.”

No ano passado, a Academia Sueca premiou o francês Alain Aspect, o americano John Clauser e o austríaco Anton Zeilinger, pioneiros dos mecanismos revolucionários da Física Quântica.

A semana de anúncios do Nobel continua nesta quarta-feira com o prêmio de Química. Na quinta, será anunciado o vencedor de Literatura e, na sexta, o Nobel da Paz, em Oslo (Noruega). Na próxima segunda-feira (9), o prêmio de Economia encerra a temporada.

Os vencedores de cada categoria dividem um prêmio de 11 milhões de coroas suecas (994.000 dólares, cinco milhões de reais), o maior montante em divisa sueca da história do Nobel.

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