‘Trilha sonora contagia a plateia’

Érico Brás, ATOR. Entrevista:

Como você se preparou para viver Dom Pepe, que foi um dos primeiros DJs do Brasil?

Primeiro, fui conversar com o Nelson Motta, que é o autor da história e conheceu todas as particularidades do Dom Pepe. Também falei com amigos que trabalham atualmente comigo na Globo, como Otávio Muller e Evandro Mesquita, que viveram aquela época. Em seguida, fui conhecer em detalhes como estava estruturado o momento político do Brasil naquele ano de 1976, especialmente o comportamento social da juventude e como isso se encaixava em uma boate, que se destacava por ser um lugar pleno de liberdade.

Deborah Colker elogiou, entre outros detalhes, seu timing de humor. Como essa graça se encaixa no espetáculo?

Costumo ser honesto com as histórias. Na minha pesquisa, procurei entender como era a felicidade naquela época. Nelson me contou que havia muitos fluxos de alegria na discoteca e isso resultava em muitas risadas, o que trouxemos para o espetáculo. A comédia é um respiro para a história que, por mais que seja leve, tem o humor como uma ferramenta para ajudar o público a dissolver as situações e a absorver também o discurso da peça – por mais que aqui não seja político, o discurso vale a pena ser refletido e a comédia ajuda na assimilação.

A trilha musical daqueles anos 1970 é espetacular, mas como é cantar sem orquestra?

Cantar é cantar, de qualquer forma. Isso varia de um solfejar a cantar junto com uma banda ao vivo ou um playback. O barato dessa trilha é levar o espectador, junto com o elenco, para uma determinada época. A plateia acaba contagiada, mesmo aquelas pessoas que não viveram aquele momento. Cantar com ou sem orquestra em um musical genuinamente brasileiro não faz diferença. O que importa é que a arte em si está assentada no palco e consegue contagiar o público.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.