Tributo: Vidal Assis leva clássicos e inéditas de Elton Medeiros ao Sesc Pompeia

Com participações de peso, o álbum reúne canções desconhecidas do mestre do samba e propõe um olhar decolonial sobre o lirismo; show de lançamento acontece na quinta-feira, 11

O cantor e compositor carioca Vidal Assis
O cantor e compositor carioca Vidal Assis Foto: Divulgação

O cantor e compositor carioca Vidal Assis (40) apresenta seu segundo álbum, Negro Samba Lírico – Vidal Assis canta Elton Medeiros, um tributo à altura de um dos maiores arquitetos da música brasileira. Lançado pela gravadora Kuarup, o projeto celebra a obra de Elton Medeiros (1930-2019) e ganha show de lançamento especial em São Paulo, no Teatro do Sesc Pompeia, no dia 11 de dezembro.

  • O álbum: reúne clássicos e canções inéditas compostas por Elton em parceria com Vidal e nomes como Nei Lopes e Ronaldo Bastos;

  • O conceito: a obra defende o “samba lírico” como uma expressão sofisticada da negritude, rompendo estereótipos;

  • Participações: o disco traz vozes de Chico Buarque, Paulinho da Viola, João Bosco, Cristóvão Bastos e outros;

  • Atualidade: as faixas dialogam com temas contemporâneos, incluindo críticas à desigualdade social e à escala de trabalho 6×1.

Ao abordar a obra do parceiro e amigo, Vidal constrói uma ode à linhagem lírica do samba — vertente de melodias sofisticadas e letras imagéticas que tem em sua genealogia nomes como Cartola, Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola.

“Considero que o samba é uma das nossas maiores revoluções culturais. (…) E há uma linhagem do samba que se debruça na janela da poesia e esculpe no vento melodias com o cinzel da emoção. Eu atribuí a essa linhagem o nome samba lírico”, afirma Vidal Assis.

Inéditas e encontros históricos

O trabalho brilha pelo elenco estelar. Chico Buarque divide os vocais em Mascarada (de Elton e Zé Keti), faixa que ganhou videoclipe com participação da deputada federal Talíria Petrone. Já Paulinho da Viola comparece em Folhas no Ar, enquanto João Bosco interpreta Pressentimento.

Entre as preciosidades inéditas, destacam-se Um Amor Singular, com letra de Ronaldo Bastos, e Navegações, parceria com Nei Lopes que propõe uma reflexão decolonial sobre o Brasil.

A base instrumental ficou a cargo do Trio Julio — Marlon, Maycon e Magno Júlio —, garantindo a excelência sonora que transita do choro ao samba de roda do Recôncavo Baiano, presente no arranjo de Moemá Morenou.

Samba político e afetivo

Além de músico, Vidal é doutor em Educação pela UFRJ e traz para o disco uma camada analítica profunda. O termo “Negro Samba Lírico” é, também, um posicionamento político: desconstrói a ideia de que o lirismo e a delicadeza são atributos eurocentrados. A arte negra, defende o artista, também é feita de carinho e sofisticação, não apenas de denúncia e força física.

Contudo, a crítica social não fica de fora. Na regravação de Maioria Sem Nenhum, clássico de 1966, Vidal insere o poema Como eu quero ser lembrado. Os versos conectam a desigualdade histórica a pautas urgentes do trabalhador brasileiro atual: “Defendo a lógica da ação afirmativa / A taxação real dos superabastados / E o fim da escala 6 x 1 tão exaustiva”.


Serviço

Negro Samba Lírico: Vidal Assis canta Elton Medeiros

Data: Quinta-feira, 11 de dezembro

Horário: 20h

Local: Sesc Pompeia – Teatro (Rua Clélia, 93 – São Paulo)

Ingressos: R$ 21 (Credencial Plena), R$ 35 (Meia) e R$ 70 (Inteira)

Vendas: Online (via site do Sesc) e nas bilheterias da rede.