O Tribunal Nacional da Espanha impôs uma ordem de restrição ao ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, para evitar com que o dirigente entre em contato com a jogadora Jenni Hermoso. Ele esteve presente no tribunal nesta sexta-feira e deu testemunho sobre o beijo na atleta da seleção espanhola após o título da Copa do Mundo de futebol feminino.

O fato ocorreu durante a premiação pelo título conquistado e abriu um debate ainda maior sobre assédio sexual. Rubiales negou todas as acusações e afirmou que Jenni Hermoso teria consentido ao beijo, o que foi repetidas vezes negado pela atleta. Com a ordem de restrição, o dirigente terá que manter uma distância de 200 metros da vítima e não poderá entrar em contato por nenhum meio de comunicação durante a investigação.

O Ministério Público da Espanha chegou a pedir que essa restrição fosse de 500 metros, mas foi rejeitado pelo juiz do caso, assim com o pedido para que Rubiales comparecesse a um tribunal a cada 15 dias. Os advogados da atleta tentaram ainda congelar os bens do dirigente, sem sucesso.

“Podemos continuar afirmando que o beijo não foi consentido, que é o que dissemos desde o início. (Graças às imagens do beijo), o mundo inteiro, o país inteiro, pôde observar que não houve nenhum tipo de consentimento. E vamos provar isso no tribunal”, disse a advogada de Hermoso, Carla Valli Duran.

Já Rubiales não falou com a mídia, muito menos sua advogada, Olga Tubau. A audiência, realizada nesta sexta-feira, foi fechada ao público e teve um pouco mais de 1h de duração. O dirigente, que renunciou ao cargo de presidente da federação de futebol após sofrer forte pressão do governo e ser suspenso pela Fifa, continuou apenas afirmando que é inocente de todas as acusações.

Rubiales poderá sofrer uma multa, caso seja culpado das acusações, ou uma pena de prisão de um a quatro anos, de acordo com a nova lei de consentimento sexual aprovada pela Espanha no ano passado.

Durante a Data Fifa, os jogadores da seleção espanhola masculina, que se preparam para os confrontos das Eliminatórias da Eurocopa, se posicionaram contra Rubiales. Primeiro capitão da equipe, Morata sentou-se na sala de imprensa ao lado de Rodri, Azpilicueta e Asensio, seus sucessores na hierarquia da faixa, e leu um comunicado no qual o comportamento do dirigente é classificado como “inaceitável”.

Já Hermoso e as demais companheiras de seleção comunicaram que não defenderão mais a Espanha enquanto “os atuais dirigentes continuarem no poder”. Sem Rubiales, a federação vem sendo comandada interinamente por Pedro Rocha, que promoveu mudanças, inclusive no comando da seleção feminina. Ele demitiu o treinador Jorge Vilda, que tinha problemas de relacionamento com as jogadoras e foi visto aplaudindo Rubiales na assembleia, para entregar o cargo à auxiliar Montse Tomé, primeira mulher a treinar a equipe nacional.