A administradora Priscila Mira já era casada há 13 anos com o gerente financeiro Marcel Mira quando ambos começaram a se relacionar com Regiane Gabarra, de 33 anos. Tudo começou em dezembro de 2018, quando o casal já tinha duas filhas, uma de 14 anos, outra de 9. O relacionamento, que já não seria fácil por sua própria característica alternativa, tinha um problema adicional: Priscila, de 37 anos, era evangélica. “Era inconcebível, porque homossexuais não entram no céu. Eu, como mulher casada, também não poderia nem pensar em ficar com outra pessoa, pois seria adultério”, diz Priscila. O questionamento durou cerca de seis meses. O casal, que nunca tinha ouvido falar sobre algo parecido, procurou na internet o significado da palavra “poliamor”. Não encontraram nada que os impedisse de amar mais de uma pessoa.

“O amor não poderia ser a minha acusação. Temos laços afetivos de sobra”
Priscila Mira, Administradora (com o bebê no colo) (Crédito:Divulgação)

Juntos há quatro anos, o trio ganhou um novo membro no sábado, 16. Pierre, o primeiro bebê do “trisal”, nasceu de uma fertilização in vitro. A opção foi feita porque Marcel já havia feito uma vasectomia. A família começa agora uma nova luta na Justiça para incluir o nome dos três na certidão de nascimento. “Queremos incluir meu nome como responsável socioafetiva. A legislação permite isso, desde que haja o reconhecimento dos laços afetivos. E isso nós temos de sobra. O amor não poderia ser a minha acusação”, diz Priscila. O sentimento por mais de uma pessoa, o poliamor, até pouco tempo um tabu inimaginável, é uma realidade – e está popular devido ao alcance das redes sociais. 0 perfil conjunto de Priscila, Marcel e Regiane no Instagram, por exemplo, batizado de “Trisal Amor ao Cubo”, já conta com mais de 41 mil seguidores. A maioria tem curiosidade sobre o tema ou quer saber mais sobre o dia-a-dia do triângulo amoroso.

Outro relacionamento que também está fazendo sucesso nas redes sociais é o “Amor de Trisal”, com mais de 78 mil seguidores, formado por Sanny Rodrigues, 29 anos, Diego Gonçalves, 31, e Karina Matos, 25. Sanny e Diego já eram casados há dez anos e são pais de Miguel, de cinco. Decidiram juntos que queriam uma terceira pessoa, uma mulher, pois Sanny é bissexual e Diego é heterossexual. “Nos encontramos com a Karina em um barzinho e a conexão foi muito boa”, diz Sanny. O casamento ocorreu no ano passado, apesar de a união poliafetiva não ser regulamentada no País. “A maioria das pessoas ainda nos trata como se fôssemos extraterrestres. Acredito que nossa maior missão é mostrar que somos pessoas iguais a todos.”