Os Estados Unidos informaram que três  militares norte-americanos foram mortos e dezenas ficaram feridos durante um ataque de drones aéreos não tripulados a uma base militar do país no nordeste da Jordânia, perto da fronteira com a Síria.

O presidente Joe Biden culpou grupos apoiados pelo Irã pelo ocorrido, o primeiro ataque mortal contra as forças dos EUA desde que a guerra Israel-Hamas estourou em outubro.

“Embora ainda estejamos reunindo os fatos desse ataque, sabemos que ele foi realizado por grupos militantes radicais apoiados pelo Irã que operam na Síria e no Iraque”, disse Biden em um comunicado. O governo iraniano negou qualquer responsabilidade sobre o ataque nesta segunda-feira (29).

O Comando Central (Centcom) americano informou na noite de domingo que o ataque atingiu uma base de apoio logístico localizada Torre 22, no nordeste da Jordânia, e feriu ao menos 34 membros do serviço – oito deles precisaram ser retirados do país. O drone teria atacado perto do quartel no início da manhã de domingo.

A Resistência Islâmica no Iraque, uma organização guarda-chuva de grupos militantes de linha dura apoiados pelo Irã, reivindicou ataques a três bases, incluindo uma na fronteira entre a Jordânia e a Síria.

Esta foi a primeira vez que soldados americanos morreram no Oriente Médio desde o início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, o que provoca temores de uma escalada de tensões do conflito latente entre Israel e Irã como pano de fundo.

Neste contexto, o governo iraquiano condenou nesta segunda-feira o ataque em pleno deserto, na fronteira entre a Jordânia, Iraque e Síria, pediu “fim à espiral de violência” e se declarou disposto a ajudar “na elaboração de regras de compromisso fundamentais para evitar novas repercussões na região e impedir que o conflito se estenda”.

Biden promete resposta ‘consequente’

A base atacada tem quase 350 integrantes do Exército e da Força Aérea americana que realizam “uma série de funções cruciais de apoio”, entre outras, para a coalizão internacional contra o grupo extremista Estado Islâmico.

“Vamos responder”, disse Biden durante uma visita ao estado da Carolina do Sul.

“Hoje, o coração dos Estados Unidos está entristecido. À noite, três militares americanos morreram e vários ficaram feridos, em um ataque com drones contra nossas forças baseadas no nordeste da Jordânia, perto da fronteira com a Síria”, afirmou.

“Sabemos que foi realizado por grupos combatentes radicais apoiados pelo Irã que operam na Síria e no Iraque”, disse Biden. “Não tenha nenhuma dúvida: faremos que os responsáveis prestem contas, quando e como consideramos conveniente”, acrescentou.

O Irã respondeu por meio de sua representação permanente na ONU que “não tem nenhum vínculo nem nada a ver com o ataque à base americana”, que atribuiu a um “conflito entre Estados Unidos e os grupos de resistência da região”, segundo um boletim da agência oficial iraniana Irna.

“Estes grupos respondem aos crimes de guerra e ao genocídio cometidos pelo regime sionista”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Naser Kanaani, referindo-se a Israel. “Decidem suas ações com base nos próprios princípios”, acrescentou, citado pela Irna.

O Irã também anunciou nesta segunda-feira a execução de quatro homens acusados de espionar para Israel.

Aumento da tensão no Oriente Médio

O ataque agrava a situação já tensa no Oriente Médio, onde a guerra eclodiu em Gaza após o ataque do grupo islâmico palestino Hamas a Israel em 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas. O ataque subsequente de Israel a Gaza matou mais de 26.000 palestinos, de acordo com o ministério da saúde local.

Desde então, as forças dos EUA foram atacadas mais de 150 vezes por grupos apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria, causando pelo menos 70 vítimas antes do ataque deste domingo, a maioria delas com lesões cerebrais.

Os navios de guerra dos EUA também foram alvejados pelas forças Houthi apoiadas pelo Irã no Iêmen, que atacam regularmente navios comerciais que passam pelas águas do Mar Vermelho na costa do Iêmen.

Embora os Estados Unidos tenham mantido até agora uma linha oficial de que Washington não está em guerra na região, eles têm retaliado os grupos apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria e realizado ataques contra as capacidades militares Houthi do Iêmen.

“Manteremos compromisso de combater o terrorismo. E não tenham dúvidas – responsabilizaremos todos os responsáveis no momento e da maneira que escolhermos”, disse Biden em sua declaração divulgada pela Casa Branca.

* Com AFP e Reuters