As estradas BRs 116, 101 e 381 concentraram 36% dos acidentes registrados com caminhoneiros ao longo de 2019. Os dados apurados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que esses acidentes estão diretamente relacionados a problemas como baixo investimento e falta de segurança.

No ano passado, as rodovias federais registraram 16.802 acidentes com veículos de cargas, o que representa 25% de todos os acidentes registrados na malha federal, segundo o levantamento, que se baseia em informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As ocorrências com caminhões, normalmente mais graves do que com veículos leves, resultaram em 1.822 mortes, o que corresponde a 34% de todos os óbitos em acidentes registrados em 2019.

A BR-116 concentrou 2.591 acidentes no ano passado, enquanto a BR-101 registrou 2.348 acidentes e a BR-381 outros 1.059 acidentes. Essas ocorrências totalizaram 506 mortes, 28% do total. Essas três rodovias concentram 36% das colisões com veículos de carga. Ao todo, 103 rodovias federais registraram acidentes com caminhões.

A CNI chama a atenção para o problema crônico da falta de recursos para a alta incidência e concentração de acidentes. No ano passado, os investimentos do Ministério da Infraestrutura (MInfra) em rodovias totalizaram R$ 6,6 bilhões, o menor montante em mais de dez anos e 61% a menor que o pico de R$ 17,1 bilhões registrado em 2011.

Para 2020, o MInfra conta com R$ 4,2 bilhões de recursos orçados em ações envolvendo obras rodoviárias, sendo R$ 1,6 bilhão referentes a restos a pagar de outros anos. Esses recursos não são suficientes, sequer, para cuidar da manutenção de toda a malha federal.

Segundo o levantamento da CNI, do total disponível para investimentos, R$ 2,1 bilhões são para obras de adequação e manutenção das vias e R$ 1,6 bilhão para construção de novos trechos. Até o final de abril de 2020, já foram investidos R$ 1,3 bilhão.

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Além de insuficientes, aponta o relatório, os recursos não necessariamente são direcionados para os trechos com mais acidentes. As três BRs com a maior quantidade de acidentes com caminhões, por exemplo, respondem por 26% do total de recursos. A avaliação por trechos estaduais dessas BRs revela que os dez trechos com mais acidentes com caminhões, que concentram 32% de todas as ocorrências em 2019, respondem por apenas 11% dos recursos autorizados. Outros 114 trechos, que totalizam 3.578 ocorrências no ano passado, não contam com ações específicas no orçamento de 2020.

Na avaliação da CNI, além das estimativas de demanda, um dos critérios para a priorização dos investimentos deveria ser o nível de acidentes nas rodovias envolvendo veículos de carga. “O indicador é capaz de identificar os principais pontos de gargalo para o escoamento da maior parte das mercadorias produzidas, tendo em vista a concentração da matriz de transporte brasileira na modalidade rodoviária”, afirma a instituição. “Em conjunto com outros critérios técnicos para a definição das obras prioritárias, o indicador reduz os riscos de interferências políticas e de abandono dos empreendimentos, especialmente nesse período de restrição orçamentária ocasionado pela crise fiscal e econômica.”


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