A coalizão que atua militarmente no Iêmen sob o comando saudita anunciou nesta segunda-feira (24) sua intenção de abrir, em coordenação com a ONU, três corredores humanitários entre o porto de Hodeida e a capital do país, Sanaa.

O anúncio foi feito em Riad pelo porta-voz da coalizão, o coronel saudita Turki al-Maliki, enquanto a situação humanitária no Iêmen continua a piorar com um crescente risco de fome.

“A coalizão está trabalhando com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) no Iêmen para estabelecer corredores humanitários seguros para ajudar a entregar ajuda (…) entre Hodeida e Sanaa”, declarou o porta-voz durante um briefing.

A cidade portuária de Hodeida, no Mar Vermelho, e Sanaa estão nas mãos dos rebeldes huthis, que são apoiados pelo Irã.

A coalizão liderada pela Arábia Saudita começou a intervir no Iêmen em 2015 para restabelecer o governo internacionalmente reconhecido.

A guerra travada desde então já deixou aproximadamente 10 mil mortos, a maioria deles civis, e mais de 56 mil feridos.

Em 19 de setembro, a organização britânica Save the Children alertou sobre “uma fome sem precedentes”, indicando que mais de cinco milhões de crianças estão em risco.

E, na última sexta-feira, a ONU admitiu estar perdendo “a luta contra a fome” no Iêmen.

“A situação é muito sombria. Estamos perdendo nossa luta contra a fome, e a situação está piorando de maneira alarmante nas últimas semanas”, declarou o vice-secretário-geral para questões humanitárias da ONU, Mark Lowcock.

“Poderemos chegar a um ponto sem volta além do qual será impossível evitar numerosas perdas de vidas, devido à fome generalizada”, advertiu Lowcock em reunião de emergência do Conselho de Segurança convocada pelo Reino Unido.

O país enfrenta “a pior crise humanitária do planeta”.

“Mais de 22 milhões de pessoas precisam de ajuda no Iêmen, incluindo 18 milhões em insegurança alimentar. Mais de 8 milhões vivem em insegurança alimentar severa, sem saber quando terão a próxima refeição, e precisam de ajuda humanitária de emergência para sobreviver”, afirmou Lowcock.

Para se “evitar um colapso total e preservar as vidas de milhões de pessoas”, o Conselho de Segurança deve apoiar a realização de negociações políticas e adotar “medidas imediatas para estabilizar a economia”.

Também deve pressionar “para permitir o acesso às pessoas mais vulneráveis”, através dos portos e das principais estradas do país, e organizar uma “ponte aérea” para as evacuações médicas, concluiu Lowcock.