Fenômeno recente do Prime Video, “Tremembé” consolidou o interesse do público brasileiro por produções de true crime — gênero que mistura fatos reais e narrativas dramáticas para revisitar crimes que marcaram o País.
A série retrata a rotina de alguns dos criminosos mais notórios do Brasil, como Suzane von Richthofen, Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, mostrando como cumprem pena no presídio de Tremembé, no interior de São Paulo.
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A produção, que estreou na última semana, reacendeu a curiosidade por outras histórias reais já transformadas em séries e filmes. Entre documentários e dramatizações, o streaming nacional está cheio de títulos que exploram casos verídicos, investigações e bastidores da violência urbana.
Veja produções de true crime disponíveis além de Tremembé:
Última Parada 174
Inspirado no sequestro do ônibus 174, ocorrido no Rio de Janeiro em 2000, o filme de Bruno Barreto acompanha a trajetória de Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente da chacina da Candelária, que se viu envolvido em um dos episódios mais marcantes da crônica policial brasileira.
Disponível no Paramount+
Dom
A série acompanha a vida de Pedro Dom, jovem de classe média carioca que se tornou o líder de uma quadrilha especializada em assaltos a condomínios de luxo. Estrelada por Gabriel Leone, a produção mistura ficção e realidade ao longo de três temporadas.
Disponível no Prime Video
Vale dos Isolados: O Assassinato de Bruno e Dom
O documentário relembra o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, ocorrido em 2022, em meio à escalada de violência na Amazônia. A produção acompanha os últimos passos da dupla no Vale do Javari e a repercussão internacional do caso.
Disponível no Globoplay
Tim Lopes: Histórias de Arcanjo
Com roteiro de Bruno Quintella, filho do jornalista Tim Lopes, a série revisita a vida e o trabalho do repórter assassinado em 2002 enquanto investigava o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. O documentário traz depoimentos inéditos e reconstruções emocionantes.
Disponível no Prime Video
Maníaco do Parque
Dirigido por Mauricio Eça, o longa traz Giovanna Grigio no papel de uma jornalista que investiga o serial killer Francisco de Assis Pereira, responsável por uma série de assassinatos em São Paulo nos anos 1990. A produção revisita a cobertura intensa da mídia sem romantizar o criminoso.
Disponível no Prime Video
João de Deus: Cura e Crime
A série documental da Netflix expõe o império construído por João de Deus, médium de fama internacional preso por abuso sexual em 2018. Com entrevistas exclusivas e arquivos inéditos, a produção mostra como o líder espiritual usou sua influência para cometer crimes durante décadas.
Disponível na Netflix
Cadê o Amarildo?
O documentário revisita o caso do pedreiro Amarildo Dias de Souza, desaparecido em 2013 após ser levado por policiais da UPP da Rocinha, no Rio de Janeiro. Com novos depoimentos e documentos inéditos, a obra analisa o impacto social e político do caso.
Disponível no Globoplay
A Vítima Invisível: O Caso Eliza Samudio
A produção resgata a história do assassinato de Eliza Samudio, morta em 2010 pelo ex-goleiro Bruno Fernandes e seus cúmplices. A série utiliza mensagens e arquivos pessoais para mostrar o lado humano de Eliza, para além da cobertura sensacionalista da época.
Disponível na Netflix
Criminosos de grande repercussão lucram com histórias contadas em séries?
Em entrevista à IstoÉ Gente, o jornalista Ullisses Campbell, autor do livro Tremembé: O Presídio dos Famosos, que inspirou a série Tremembé do Prime Video e também assina o roteiro da produção, afirma que os criminosos não lucram com a série nem com seus livros.
“Para a série, eles não são nem procurados. Eles não tiveram nenhum contato — os criminosos não tiveram contato nem comigo, nem com a produção, nem com os atores. Como são biografias não autorizadas, no livro eu tenho obrigação jornalística de procurá-los para saber se querem se manifestar, e todos disseram que não, que não quiseram. Então, o livro é produzido sem interferência deles”, diz Ullisses.
Já a advogada especialista em direito autoral Letícia Peres explicou que criminosos retratados em séries e programas não podem lucrar diretamente com os delitos que cometeram. Segundo ela, a legislação brasileira estabelece mecanismos para impedir o enriquecimento ilícito nesses casos.
Quando há condenação, o Ministério Público ou as vítimas podem solicitar à Justiça o bloqueio de valores, garantindo que qualquer eventual remuneração seja destinada ao pagamento de indenizações e à reparação de danos. “A Justiça costuma avaliar se há vínculo entre o conteúdo divulgado e os fatos criminosos, podendo restringir ou redirecionar os ganhos obtidos”, afirmou Peres à nossa reportagem.
Ainda assim, a especialista destaca que a remuneração não é completamente descartada. Um criminoso pode receber direitos autorais caso a obra aborde aspectos de sua vida que não estejam diretamente relacionados ao crime, ou quando sua participação no conteúdo é considerada indireta. Nessas situações, cada caso é analisado individualmente, e contratos podem ser contestados judicialmente.

Marina Ruy Barbosa caracterizada como Suzane von Richthofen