Em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, neste domingo (21), Dias Toffoli, ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), antecipou que o chamado “inquérito das fake news”, aberto em 2019 por ele mesmo e presidido por seu colega Alexandre de Moraes, identificou, através da quebra de sigilo bancário de alguns investigados, recursos oriundos do exterior que financiaram atos antidemocráticos no Brasil.

A gravidade do ocorrido é monumental e trará consequências seríssimas aos envolvidos, já que tal prática se enquadra em diversos crimes contra a segurança nacional, à semelhança do caso envolvendo o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), recentemente preso em flagrante delito, no âmbito deste mesmo inquérito que muitos, aliás, classificam como ilegal e até mesmo inconstitucional.

A história brasileira e mundial é pródiga em contar o que ocorre quando estrangeiros, sejam governos ou organismos privados, interferem economicamente no ordenamento político dos países. Há toda uma bibliografia a respeito de casos notórios, como a atuação americana no golpe de Estado de 64, aqui no Brasil, ou a da Rússia, no financiamento e no armamento do regime de Bashar al-Assad na Síria.

Há outros exemplos ainda mais dramáticos e sangrentos, como o contrabando de armas do Irã aos terroristas do Hamas, em Gaza, e aos do Hezbollah, no Líbano. Sem desconsiderar os rumores e fortes indícios de financiamento externo, também, aos movimentos de extrema direita norte-americanos, sobretudo aos operados pelo ex-assessor de Donald Trump, Steve Bannon, preso e solto após pagamento de fiança.

Em outubro de 2005, na véspera das eleições que manteriam o então candidato à reeleição, e hoje criminoso condenado a quase 30 anos de prisão, Lula da Silva, na Presidência da República, a revista Veja apurou que a ditadura cubana enviou 3 milhões de dólares para a campanha do petista, o que é proibido pela lei eleitoral e seria motivo de cassação do registro do partido. A denúncia, como quase sempre, “terminou em pizza”.

Recentemente, em 2018, Jair Bolsonaro foi acusado de ter sua campanha eleitoral financiada clandestinamente, inclusive com recursos advindos do exterior, principalmente sob a forma de “disparos em massa” de mensagens de WhatsApp. Ou seja, suspeitas, ou mesmo casos reais de interferência econômica internacional na política doméstica, aqui ou pelo mundo, não é novidade, mas não deixa de ser crime, e do tipo muito grave.

O tal do “inquérito do fim do mundo” corre em sigilo, o que é compreensível, mas igualmente perigoso, pois poderá se tornar objeto de pressão, troca e até mesmo de chantagem, quiçá extorsão, caso caia em mãos erradas ou seja, sei lá, “hackeado” ou indevidamente vazado. Por isso, quanto antes for encerrado e ter seu sigilo levantado, menos surpresa e melhor para a sociedade e a democracia brasileiras. Portanto, mãos à obra, STF.