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Programar uma viagem espacial envolve uma variedade quase infinita de cálculos. A preparação de uma missão com pouso na lua ou em Marte exige treinamento em um local mais próximo possível do destino. A Islândia, ilha vulcânica localizada ao norte do Oceano Atlântico e no limite das placas tectônicas da Eurásia e da América do Norte, oferece um cenário ideal para esses desbravadores do espaço. Explosões vulcânicas, neve, penhascos rochosos e clima imprevisível: uma combinação perfeita para colocar os equipamentos à prova. Expedições agora testam a durabilidade dos trajes espaciais nessas condições.

Correr, escalar e rastejar por túneis estreitos sem danificar o equipamento é a meta desses experimentos. No primeiro teste, realizado antes da pandemia, o traje espacial chamado Mars Suit 1 (MS1), feito pela Rhode Island School of Design (RISD), apresentou defeitos no visor quando os astronautas simulavam experiências mais radicais. A Agência Espacial da Islândia (ISA), organização de pesquisa do país responsável pela aventura, voltou a campo com uma versão atualizada do traje, batizada de MS1.5. Desta vez, o objetivo da pesquisa, conduzida pelo ISA em parceria com a empresa privada AdventureX, era testar alguns dos componentes do traje tendo em mente o projeto Artemis, da NASA. O programa planeja enviar humanos de volta à superfície lunar no final desta década. Os dados coletados nas missões agora serão usados para a construção do traje final. “A ideia é fazer com que qualquer atividade realizada em Marte seja possível com este traje”, afirmou Michael Lye, coordenador da NASA e responsável pela vestimenta.

Com diversos projetos no papel visando o planeta vermelho, em que estão previstas escalas na Lua devido à distância entre os planetas, a NASA e empresas particulares, como SpaceX, de Elon Musk, e a Blue Origin, de Jeff Bezos, começaram a corrida para ver quem põe a primeira pegada humana em Marte. A Islândia é apenas o primeiro passo dessa conquista. A fama da ilha europeia como campo de treinamento vem de longe: começou com as missões Apollo, na década de 1960, onde os astronautas faziam testes na expectativa de caminhar pela superfície lunar. Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua, foi um dos que colocaram seus pés na Islândia antes de dar seu “grande salto para a humanidade”– ele voltou ao local diversas vezes desde então para rever as maravilhas da natureza que tanto o ajudaram a entrar para a história.