Tratamento nos EUA, cirurgia e reclusão: famosos lutam contra câncer agressivo

A cantora Preta Gil, o músico Tony Bellotto, o cantor baiano Netinho e o maestro João Carlos Martins estão lutando contra a doença agressiva

Reprodução/Instagram.
Preta Gil permanece internada em São Paulo Foto: Reprodução/Instagram.

O câncer é uma doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, incluindo figuras públicas que, ao compartilharem suas histórias, ajudam a aumentar a conscientização sobre a gravidade dessa enfermidade. Infelizmente, em muitos casos, o câncer pode levar à morte.

Caracterizado pelo crescimento descontrolado de células anormais no corpo, o câncer pode invadir tecidos saudáveis e, em muitos casos, formar tumores. Nem todos os cânceres formam tumores sólidos — como é o caso das leucemias, que afetam o sangue e a medula óssea.

A doença pode surgir em praticamente qualquer parte do corpo e, se não tratada, pode se espalhar (metástase) para outras regiões, comprometendo o funcionamento de órgãos vitais. O câncer pode ter várias causas, incluindo fatores genéticos, exposição a substâncias cancerígenas (como cigarro e radiação), infecções e hábitos de vida pouco saudáveis.

Atualmente, famosos como a cantora Preta Gil, o músico Tony Bellotto, o cantor baiano Netinho e o maestro João Carlos Martins estão enfrentando e lutando bravamente contra essa doença agressiva. Nossa reportagem atualiza o quadro clínico atual dos artistas.

Na quarta-feira, 7, Preta Gil, 5o anos, se manifestou sobre sua última internação e os próximos passos de seu tratamento de câncer. “Passei a última semana internada sob os cuidados da minha amada equipe médica. Já estou em casa e sempre cercada pelos meus amores. Sigo aqui me fortalecendo pra semana que vem começar uma nova etapa do meu tratamento nos Estados Unidos”, escreveu a cantora.

Em janeiro de 2023, a filha de Gilberto Gil foi diagnosticada com câncer no intestino, especificamente com um tumor de seis centímetros no reto. Após o tratamento inicial, que incluiu cirurgia e quimioterapia, a doença entrou em remissão.

Em agosto de 2024, a artista anunciou que o câncer havia retornado, apresentando-se em quatro locais distintos: dois linfonodos na região pélvica, metástase no peritônio e um nódulo no ureter. Esses novos focos indicam a propagação do câncer para outras áreas do corpo.

Tratamento fora do Brasil

No ano passado, Preta Gil viajou para Nova York para consultar especialistas em busca de alternativas terapêuticas, após os tratamentos anteriores não apresentarem os resultados esperados.

Procurada pela reportagem de IstoÉ Gente, a Dra. Daniélle Amaro, médica oncologista e cofundadora do canal Longidade, explica os motivos que levaram Preta Gil a decidir tratar seu câncer nos Estados Unidos.

“Os pacientes que buscam opções terapêuticas fora do país, em sua maioria, almejam ter acesso a tratamentos mais inovadores que ainda não chegaram ao Brasil, seja por entraves na regulação e aprovação, seja por serem ainda experimentais e apresentarem acesso restrito, via inclusão em pesquisas clínicas que ocorrem em centros específicos espalhados pelo mundo”, analisa a profissional.

“A FDA (Food and Drug Administration), americana, tem um processo de aprovação de novos medicamentos relativamente rápido em comparação com outros países. Embora existam rigorosos padrões de segurança e eficácia, a FDA frequentemente prioriza medicamentos inovadores que podem trazer grandes benefícios aos pacientes. Isso cria um ambiente propício para o desenvolvimento rápido de novas terapias.”

“Em contraponto, no Brasil, essa regulamentação é realizada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em um processo rigoroso que, embora muito eficaz, tende a ser mais demorado em comparação com a FDA dos Estados Unidos. Isso pode retardar o acesso a novos tratamentos e terapias inovadoras em nosso país, representando um obstáculo no acesso à medicação para o paciente oncológico que pode estar em uma luta contra o tempo”, prossegue Daniélle Amaro.

Segundo a oncologista, a acessibilidade a uma variedade de estudos clínicos de novas medicações nos Estados Unidos é uma das razões pelas quais o país tem se destacado como um centro global de pesquisa médica e desenvolvimento de novas terapias. “Existem vários fatores que contribuem para essa vantagem em relação a outros países. Os Estados Unidos têm uma infraestrutura robusta dedicada à pesquisa médica e contam com instituições acadêmicas de renome, além de financiamento governamental e privado direcionado à pesquisa clínica. Isso permite que novas medicações sejam testadas rapidamente e com mais recursos.”

“Isso propicia aos pacientes acesso a uma ampla gama de estudos clínicos de fase inicial (como os ensaios de fase 1 e 2), o que permite que os pacientes participem de experimentos com tratamentos inovadores que ainda não estão disponíveis no mercado. O próprio paciente, ou seu médico, pode verificar a disponibilidade de ensaios clínicos em andamento em plataformas de registros de ensaios clínicos. O site ClinicalTrials.gov, por exemplo, é uma base de dados amplamente acessada e fornece informações sobre ensaios clínicos em andamento em todo o mundo”, diz.

A Dra. Daniélle Amaro explica que a quantidade de ensaios clínicos realizados no Brasil é menor quando comparada aos Estados Unidos. Isso pode ser atribuído à falta de infraestrutura, financiamento e às dificuldades logísticas para envolver centros médicos e hospitais de todo o país nessa área.

“Apesar de contarmos com algumas instituições de excelência, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Nacional de Câncer (INCA), ainda enfrentamos limitações no financiamento de pesquisas clínicas. Muitos estudos, especialmente os de fase inicial, dependem de parcerias com empresas farmacêuticas internacionais ou de recursos do governo, que em nosso país são escassos.”

“A adoção de processos de revisão mais ágeis e a colaboração internacional podem ser soluções importantes para melhorar o acesso a terapias inovadoras em nosso país e acelerar o processo de aprovação, possibilitando que mais pacientes possam ter acesso sem precisar sair do Brasil para tal. Infelizmente, isso não acontecerá tão cedo”, finaliza.

Preta Gil volta a ser internada em hospital e recebe visita de amigas | CNN Brasil

No início de abril, Tony Bellotto, 64 anos, guitarrista dos Titãs, passou por uma cirurgia para retirar um tumor maligno no pâncreas. Conforme informado pela equipe da banda em nota publicada nas redes sociais nesta quinta-feira, dia 10, o procedimento foi realizado com sucesso, e o músico inicia agora o processo de recuperação

“Nosso querido Tony Bellotto fez a cirurgia. O procedimento foi bem-sucedido e agora ele inicia o processo de recuperação. Estamos muito felizes e agradecemos o carinho e o apoio de todos”, diz o comunicado.

No dia 3 de abril, completou um mês desde que Bellotto revelou, por meio das redes sociais, que está com câncer no pâncreas e que passará por uma cirurgia. Na ocasião, o artista explicou que o diagnóstico foi feito após um exame de rotina. A doença é silenciosa e responsável por 5% dos óbitos por câncer anualmente no Brasil.

Devido ao tratamento, o guitarrista fará uma pausa temporária nos palcos, e os Titãs seguirão cumprindo sua agenda de shows, acompanhados pelo músico Alexandre de Orio.

Segundo uma nota divulgada pelos Titãs, após a recuperação, o músico deverá retomar suas atividades profissionais.

“Estou tranquilo e confiante, enfrentando tudo com coragem e dignidade. Inspirado pelo nosso querido Branco Mello, que passou por tratamentos difíceis e agora está aí, tocando, cantando e se divertindo nos shows. Nos vemos em breve”, disse ele.

Assista ao vídeo de Tony Bellotto:

 

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No final de março, Fernanda Capareli, médica do Hospital Sírio-Libanês e responsável pelo tratamento do músico, falou sobre o estado de saúde dele e como o artista reagiu à notícia.

“Esse tipo de câncer tem um comportamento agressivo e costuma se espalhar rapidamente pelo organismo. No caso dele, felizmente, não foi identificada metástase”, explicou, em entrevista ao jornal O Globo.

De acordo com a médica, Tony lidou com o diagnóstico de maneira pragmática, sem passar por um período de negação. “Ele não se perguntou ‘por que eu?’, mas adotou uma postura voltada para a solução, perguntando ‘como podemos resolver isso?’”.

Mesmo com hábitos saudáveis, o marido de Malu Mader não estava isento do risco da doença. “O maior fator de risco para o câncer é o envelhecimento. Embora um estilo de vida saudável reduza a probabilidade de desenvolver tumores, ele não elimina completamente essa possibilidade”, afirmou Fernanda Capareli.

Nem todos os tumores no pâncreas são cânceres. Alguns são benignos — ou seja, não se espalham e não oferecem grandes riscos —, enquanto outros podem ser malignos, com o potencial de se espalhar para outros órgãos, configurando o câncer.

O câncer de pâncreas é uma doença silenciosa e agressiva. Seus sintomas são frequentemente confundidos com os de outras condições e, por isso, o diagnóstico costuma ser tardio, permitindo que o quadro evolua para estágios mais graves antes de qualquer intervenção, o que eleva a taxa de mortalidade.

À reportagem da IstoÉ Gente, o Dr. Cleyson Santos, oncologista da Rede Mater Dei de Saúde, fala sobre a cirurgia que retirou o tumor de Tony Bellotto, a recuperação e o tratamento que o artista terá daqui para frente.

“Quando o diagnóstico é inicial, ou seja, o tumor está localizado no pâncreas, normalmente conduzimos com a cirurgia, que costuma ser grande. A técnica depende do local do pâncreas onde surgiu o tumor. Os tumores de cabeça normalmente são operados com uma cirurgia chamada Whipple, na qual se remove a cabeça do pâncreas, uma parte do intestino chamada duodeno, que fica ligada a ele, e a vesícula biliar. É feita uma série de anastomoses, ou seja, atalhos no trânsito gastrointestinal, para que o paciente volte a se alimentar e tudo mais. Já os tumores de corpo e cauda são tratados com uma cirurgia chamada corpo-caudectomia”, explica o profissional.

Segundo o oncologista, normalmente, depois que o paciente se recupera, a recuperação é um pouco mais demorada. Ele pode apresentar alguma perda de peso, dificuldade para se alimentar, problemas na absorção de nutrientes e, às vezes, precisa de enzimas pancreáticas artificiais.

“Em pessoas jovens e fortes, como o Tony, a recuperação costuma ser muito boa. E, depois que o paciente se recupera, normalmente é feita a quimioterapia adjuvante — uma quimioterapia preventiva — para que a doença não retorne. Nos pacientes que já apresentam o quadro com metástases, ou seja, com espalhamento da doença, principalmente para o fígado, pulmão ou peritônio, normalmente realiza-se o tratamento com quimioterapia, e há muitos protocolos. Esse tratamento tem caráter paliativo.”

Já sobre a recuperação de Tony Bellotto após a cirurgia, o Dr. Cleyson Santos diz que existem muitos tratamentos modernos.

“O cenário hoje, no contexto privado, melhorou muito. Possivelmente ele deve fazer um tratamento quimioterápico após a recuperação da cirurgia, com intuito adjuvante. Isso considerando que seja o tumor mais comum de pâncreas, que é o adenocarcinoma. Outros tumores do pâncreas, como os insulinomas e tumores neuroendócrinos, são mais raros, tratados com cirurgia e, às vezes, não exigem nenhum tratamento posterior — apenas acompanhamento. É difícil saber com precisão, mas o tipo mais comum é o adenocarcinoma, que é tratado da forma que mencionei anteriormente”, encerra.

Em março, conversamos com o médico oncologista Dr. Wesley Pereira Andrade, que nos explicou tudo sobre a doença.

“Na sua fase inicial, o câncer de pâncreas não apresenta sintomas. Entretanto, à medida que vai crescendo, os sintomas podem incluir perda de peso, dor abdominal, amarelamento dos olhos, conhecido como icterícia, associado à colúria (escurecimento da urina) e à colia fecal (esbranquiçamento das fezes)”, diz o profissional.

Como diagnosticar?

O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, principalmente a ressonância magnética, que chamamos de colângio-pancreatografia. Também é possível identificar essas lesões pancreáticas em tomografias de abdômen e ultrassonografias abdominais. Quando se identifica uma lesão pancreática, é necessária uma biópsia para confirmar o diagnóstico definitivo. Nesse processo, retira-se uma amostra da lesão e envia-se para análise no estudo anátomo-patológico, realizado por um patologista ao microscópio.

Para pacientes com mutações genéticas, é importante realizar o rastreamento dessas mutações nos familiares e, ocasionalmente, realizar exames de check-up periódicos.

Não existe um check-up, ou screening, recomendado para a população em geral, sendo essa recomendação restrita a pacientes com determinadas mutações genéticas.

Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores serão as taxas de cura. Uma vez diagnosticado o adenocarcinoma de pâncreas, o próximo passo é realizar o estadiamento para determinar se a doença está localizada ou se já se espalhou pelo corpo.

Outros sintomas incluem fraqueza, perda de apetite, perda significativa de peso, náuseas, vômitos e, nas fases mais avançadas, distensão abdominal.

Tratamento

Infelizmente, o câncer de pâncreas ainda apresenta altas taxas de mortalidade, apesar dos tratamentos disponíveis. Isso ocorre devido ao entupimento do canal da bile, o que impede a bilirrubina de ser eliminada pelo intestino, causando seu acúmulo no sangue.

Alguns casos exigem radioterapia complementar após o tratamento com quimioterapia e cirurgia.

Para lesões mais iniciais, a cirurgia é indicada, podendo ser uma ressecção da região da cabeça do pâncreas, nos tumores que acometem essa área, procedimento conhecido como duodenopancreatectomia. Para tumores nas regiões do corpo e cauda do pâncreas, pode ser realizada uma pancreatectomia distal.

Nos casos mais avançados de câncer de pâncreas, o tratamento começa com medicamentos à base de quimioterapia neoadjuvante, visando reduzir o tamanho da lesão e facilitar a cirurgia.

Chance de cura

  • Mais de 80% dos pacientes com câncer de pâncreas são diagnosticados na fase avançada, o que reduz consideravelmente a chance de cura.
  • Cerca de 90% dos pacientes com câncer de pâncreas falecem em até 5 anos, resultando em uma taxa global de cura de aproximadamente 10%.

“A nossa reportagem ressalta que as informações fornecidas pelos médicos oncologistas Dr. Wesley Pereira Andrade e Dr. Cleyson Santos não são destinadas ao caso do guitarrista Tony Bellotto. O profissional se expressa de forma geral e afirma que cada paciente diagnosticado com câncer no pâncreas tem seu caso clínico específico e individual.”

Tony Bellotto passa por cirurgia após diagnóstico de câncer no pâncreas - ISTOÉ Independente

Em março, o cantor Netinho, 58 anos, foi diagnosticado com câncer no sistema linfático. Na ocasião, um comunicado, assinado pela diretoria médica do Hospital Aliança Star, em Salvador, informou que Netinho está com “acompanhamento onco-hematológico” e segue com suporte médico especializado.

O baiano passou semanas internado, realizando exames após sentir fortes dores e dificuldades para se locomover. Antes de receber alta, ele chegou a compartilhar parte da sua rotina no hospital e afirmou que manteria o tratamento em sigilo, mas agora decidiu compartilhar o diagnóstico.

Netinho já passou por três cirurgias no cérebro e precisou colocar quatro stents. Em 2013, sofreu três AVCs e perdeu a voz devido ao uso de anabolizantes.

Devido à internação, o artista cancelou toda a sua agenda de apresentações marcadas para o Carnaval de 2025. Netinho ganhou destaque na década de 1990 com sucessos como “Milla”, “Capricho dos Deuses” e “A Vida é Festa”.

Raspou o cabelo

Netinho decidiu raspar o cabelo durante o tratamento contra o câncer. O cantor compartilhou um vídeo nas redes sociais e apareceu careca para mostrar seu novo visual.

“Sabendo que, neste tipo de tratamento que estou fazendo, o cabelo cai todo e depois volta a nascer, ele começou a cair anteontem e eu logo passei a máquina. Raspei e agora é esperar que volte a crescer”, afirmou ele na ocasião.

Netinho raspa o cabelo durante o tratamento contra o câncer - Foto: Reprodução / Instagram

À reportagem da IstoÉ Gente, a Dra. Daniélle Amaro, médica oncologista e cofundadora do canal Longidade, explica a doença que acomete o cantor Netinho. Entenda!

O que é câncer no sistema linfático?

O câncer do sistema linfático, também conhecido como linfoma, refere-se a um grupo de doenças malignas que afetam o sistema linfático, uma parte vital do sistema imunológico. Ele pode surgir quando os linfócitos (células brancas do sangue) sofrem mutações e se multiplicam de forma descontrolada. Esse tipo de câncer tem incidência variável dependendo do tipo (linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin), com diferenças significativas na faixa etária afetada.

O linfoma de Hodgkin corresponde a cerca de 0,5% a 1% dos casos, enquanto o linfoma não-Hodgkin representa 4% de todos os cânceres diagnosticados anualmente, com um aumento na incidência ao longo dos últimos anos, principalmente devido ao envelhecimento da população.

Causas

As causas específicas não são completamente compreendidas, mas fatores de risco incluem predisposição genética, infecções virais, como o vírus Epstein-Barr, exposição a certos produtos químicos, como agrotóxicos, pesticidas e solventes industriais, além de exposição à radiação e ao diagnóstico de imunodeficiências.

Diagnóstico

O diagnóstico se inicia com a observação dos sintomas da doença, que incluem: gânglios linfáticos aumentados, febre, suores noturnos, perda de peso, fadiga extrema, prurido, dores no peito, dificuldade respiratória, náuseas e dor abdominal.

Em muitos casos, os sintomas são leves no início e podem ser confundidos com outras condições, como infecções ou doenças autoimunes. Assim, se você ou alguém apresentar esses sintomas de forma persistente ou inexplicável, é essencial procurar um médico para uma avaliação mais detalhada. Essa avaliação envolve uma combinação de exames físicos, exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética, biópsia de linfonodos afetados e análises laboratoriais para avaliar o tipo e estágio do câncer. Avanços recentes também incluem testes genéticos e marcadores moleculares que auxiliam na determinação do tratamento mais eficaz.

Tratamento

O tratamento do câncer linfático, seja de Hodgkin ou não-Hodgkin, evoluiu consideravelmente nos últimos anos. A quimioterapia e a radioterapia continuam sendo os pilares do tratamento, mas a imunoterapia e a terapia-alvo, além do transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas, oferecem novas opções, especialmente para casos refratários ou recidivantes. A combinação de diferentes abordagens, como a imunoterapia com quimioterapia, tem mostrado melhores taxas de sucesso atualmente, tornando o tratamento mais personalizado e eficaz.

A imunoterapia é constituída por medicamentos que utilizam o sistema imunológico do corpo para atacar células cancerígenas, enquanto a terapia-alvo é feita por meio de medicamentos que identificam e atacam células cancerígenas de forma mais precisa, sem afetar significativamente as células saudáveis do corpo.

O transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas pode ser utilizado quando o linfoma não responde ao tratamento inicial ou quando ocorre uma recidiva da doença após um tratamento padrão. Este procedimento envolve o uso de células-tronco do próprio paciente ou de um doador para reconstituir a medula óssea após um tratamento de quimioterapia de alta dose.

Prevenção

A prevenção é difícil devido à complexidade das causas, mas evitar exposições conhecidas a produtos químicos nocivos, manter um estilo de vida saudável e buscar o diagnóstico precoce podem ajudar.

Alta médica

Na tarde desta sexta-feira, 9, Netinho recebeu alta do Hospital Aliança Star, onde esteve internado em Salvador (BA) para a realização de mais uma etapa de seu tratamento contra o câncer linfático. Em suas redes sociais, o cantor festejou o fato de ter sido liberado para voltar para casa.

“Estou de alta! Olha que beleza! Estou indo para casa”, celebrou ele, por meio de um vídeo divulgado em seu Instagram.

Antes de ir, Netinho deixou uma planta para emanar boas energias aos demais enfermos da clínica. “Como sempre faço, vou mostrar aqui a plantinha que eu plantei. Tem uma flor só, olha que linda, mas está cheia de brotinho, vai encher, olha aqui. E sempre que plantar essa flor aqui é para que ela emane para todos os doentes e pacientes que estão aqui no hospital, fé, disciplina, principalmente paciência.”

No final de abril, o maestro João Carlos Martins, 84 anos, revelou que foi diagnosticado com um câncer agressivo na próstata em março. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o regente contou que, dias após o diagnóstico, passou por uma cirurgia de emergência — que, até então, não havia sido divulgada.

João Carlos descreveu o momento do diagnóstico como “devastador” e afirmou que o pós-operatório foi o mais drástico que já enfrentou, apesar de seu histórico de mais de 30 cirurgias, principalmente nas mãos. “Eu nunca vivi algo tão dramático”, relatou o maestro, que sofre de distonia focal, distúrbio que causa contrações involuntárias nas mãos.

Ele acredita estar curado após a retirada do tumor. “O câncer foi extirpado da próstata. É evidente que sempre pode haver uma reincidência. Mas não vai ser o meu caso”, afirmou.

Durante a recuperação, o maestro enfrentou uma grave obstrução intestinal e precisou de um procedimento de emergência, descrito por ele como uma “operação de guerra”, que durou 24 horas. “Foi a pior noite da minha vida. Fiquei traumatizado”, contou.

Apesar das dificuldades, João Carlos Martins mantém sua agenda de concertos e afirma: “Não tenho medo da morte”.

Maestro João Carlos Martins