SÃO PAULO, 03 ABR (ANSA) – A explosão que atingiu uma das linhas do metrô da cidade de São Petersburgo nesta segunda-feira (03) foi mais um dos incidentes que afetaram a rede de transportes públicos russos nos últimos anos.   

Hoje, ao menos 10 pessoas morreram e cerca de 40 ficaram feridas com a explosão de uma bomba no túnel entre as estações de Sennaya Ploschad e Tekhnologichesky Institute. Mas, até o momento, nenhum grupo reivindicou a ação – que pode ter matriz terrorista, separatista ou até eleitoral, já que a Rússia enfrentará eleições presidenciais em 2018.   

A maior parte dos ataques ao transporte público russo, no entanto, foi causada por grupos terroristas ligados à organizações separatistas da Chechênia e do Daguestão. Relembre os casos: Em 27 de novembro de 2009, a explosão de uma bomba na linha de trens de alta velocidade Nevsky Express, entre a capital Moscou e a própria cidade de São Petersburgo – as duas mais populosas do país – deixou 27 mortos e 130 feridos. Um tribunal de Tver condenou 10 pessoas – sendo quatro à prisão perpétua – por terrorismo e assassinato. Nove dos 10 condenados eram da mesma família, moravam no Cáucaso do Norte e disseram ter cometido a ação por pertencerem a um grupo terrorista islâmico liderado por um separatista checheno chamado Doku Umarov.   

Um ano depois, 38 pessoas morreram em um duplo atentado kamikaze nas estações Lubyanca e Park Kultury do metrô de Moscou. A ação foi feita por duas mulheres-bomba ligadas à grupos terroristas de separatistas da Chechênia, segundo investigação da polícia secreta russa. Em outubro de 2013, uma mulher-bomba se explodiu em um ônibus que circulava em Volvogrado e matou seis pessoas, ferindo outras 20. De acordo com a investigação, a explosão foi causada por Naida Afiyalova, que era casada com o líder do grupo terrorista Makhachkala, que luta pela independência do Daguestão.   

Já em dezembro daquele mesmo ano, outros dois ataques nos dias 29 e 30 de dezembro na mesma cidade mataram 32 pessoas – em um ataque na estação de trem e em um trolebus.   

A primeira ação ocorreu na estação de trem, onde 18 pessoas morreram após uma mulher kamikaze realizar o ataque. De acordo com a mídia russa, a ação foi cometida por Oksana Aslanova, amiga de Naida, e que perdeu dois maridos para as disputas separatistas.   

No dia seguinte, também uma mulher-bomba se explodiu em um ônibus matando outras 14 pessoas.   

– Chechênia e Daguestão: A crise entre Rússia e a região da Chechênia se acentuou com o fim da União Soviética, no fim da década de 1980 e início de 1990. Os chechenos não se consideram parte da Rússia, no entanto, seu “país” nunca foi reconhecido por nenhuma outra nação.   

Em 1991, a região conseguiu sua independência, mas em 1996, tropas russas tentaram retomar o controle da Chechênia – e falharam. Três anos mais tarde, o então premier russo Vladimir Putin ordenou uma ação militar que conseguiu retomar o controle da região por Moscou.   

Os conflitos entre os grupos rebeldes e o Exército russo já causaram milhares de mortes e os enfrentamentos não parecem ter um fim próximo. Um dos principais pontos dos russos quererem o território checheno tem a ver com o Mar Cáspio, fundamental para a passagem de oleodutos russos que levam petróleo da Europa à Rússia.   

Próximo aos chechenos, está o território do Daguestão, também no Mar Cáspio, e fica na região no norte do Cáucaso. Considerada a “área mais explosiva” da Rússia, também é uma província autônoma, tanto por confrontos com o Exército de Vladimir Putin como por problemas com grupos chechenos – já queo Daguestão foi parte da Chechênia também. (ANSA)