As autoridades da Transnístria, região separatista pró-Rússia da Moldávia, pediram, nesta quarta-feira (28), a “proteção” da Rússia contra uma suposta “pressão” exercida pelo governo moldavo, acentuando a tensão em uma região já afetada pela invasão russa da Ucrânia.

Pouco depois, Moscou afirmou que “proteger” os “compatriotas” da Transnístria é uma de suas “prioridades” e que iria “examinar com atenção” o pedido para aquela região de 4.160 km2 que se estende entre a margem oriental do rio Dniester e a Ucrânia.

Os deputados da Transnístria adotaram em Tiraspol, a principal cidade deste enclave de 4.160 km2 localizado entre a Moldávia e a Ucrânia, uma declaração apelando a Moscou para “implementar medidas para proteger a Transnístria face à pressão reforçada da Moldávia”, que tinha adotado medidas de retaliação econômica contra os separatistas.

A Transnístria, onde vivem “mais de 220 mil cidadãos russos”, enfrenta “ameaças sem precedentes de natureza econômica, sócio-humanitária e político-militar”, segundo o comunicado.

O ministro das Relações Exteriores dos separatistas, Vitali Ignatiev, disse à televisão russa Rossiya 24 que se tratava “inicialmente de um pedido de apoio diplomático”.

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que os “Estados Unidos apoiam fortemente a soberania e a integridade territorial da Moldávia dentro das suas fronteiras reconhecidas internacionalmente”.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, afirmou que “a ameaça de intervenção russa, ou pelo menos de provocação, é permanente”, e considerou que as tensões na Moldávia são “perigosas” para a região “e não apenas para a Ucrânia”.

A petição desta quarta-feira lembra a lançada pelos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia em fevereiro de 2022, que foi um dos pretextos usados pelo presidente Vladimir Putin para lançar o seu ataque em larga escala contra a Ucrânia.

O ministério das Relações Exteriores da Ucrânia instou o governo moldavo e os separatistas da Transnístria a buscarem “uma solução pacífica dos aspectos econômicos, sociais e humanitários” da crise, “sem interferência externa destruidora”.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, voltou a pedir nesta quarta-feira à comunidade internacional, durante uma reunião com os líderes dos Bálcãs na Albânia, que acelere a entrega de armas e munições para conter os avanços russos das últimas semanas no leste do seu país.

– 1.500 militares russos na Transnístria –

Os deputados separatistas afirmaram que pretendiam adotar medidas urgentes contra a recente imposição de tarifas aprovadas pela Moldávia sobre produtos da Transnístria.

Em 2006, em um referendo na Transnístria que não foi reconhecido pela comunidade internacional, 97% dos eleitores declararam-se a favor da independência e da união do território com a Rússia.

Após o colapso da União Soviética, esta região de língua russa proclamou a sua secessão e travou uma curta guerra contra o Exército moldavo em 1992.

Desde então, a Rússia mantém naquele estreito território de 465 mil habitantes uma presença oficial de 1.500 militares em missão de paz.

– Outro ponto quente na Europa –

Desde o início da operação russa na Ucrânia, multiplicam-se as especulações sobre um possível ataque russo da Transnístria contra a cidade ucraniana vizinha de Odessa, nas margens do Mar Negro.

Os separatistas da Transnístria acusam a Ucrânia de querer atacar o território e de ter preparado um ataque frustrado contra os seus líderes.

Também pediram à OSCE, ao Parlamento Europeu, à Cruz Vermelha e à ONU que evitem “provocações” que possam levar a “uma escalada das tensões”.

A Moldávia e a União Europeia acusam regularmente Moscou de querer desestabilizar essa antiga república soviética, agora com uma liderança firmemente pró-europeia.

Em dezembro de 2023, a União Europeia decidiu abrir negociações de adesão tanto com a Ucrânia como com a Moldávia.

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