A Justiça prepara-se para sofrer uma grande alteração no seu perfil e ficará ainda mais inflexível contra os desmandos autoritários e quebra da ordem constitucional patrocinados pelo bolsonarismo. Dentro de dois meses, assumirão as presidências do TSE e do STF os dois ministros mais “durões” do Poder Judiciário. Pela ordem, no dia 16 de agosto o ministro Alexandre de Moraes assumirá a presidência do tribunal eleitoral e, em meados de setembro, a ministra Rosa Weber passará a ser a terceira mulher a ocupar a presidência do STF (Cármen Lúcia e Ellen Gracie foram as outras). Alexandre dispensa apresentações. É responsável por cinco inquéritos contra Bolsonaro e seus filhos por atos antidemocráticos e fake news e tem sido o ministro mais contundente na defesa da democracia.

Rosa

Já a ministra Rosa Weber não é afeita a badalações e holofotes da mídia. É discreta e, desde que assumiu o cargo, em 2011, nunca concedeu entrevista à imprensa e só se manifesta nos autos. Nesses casos, ela tem exposto nos últimos meses posições duras contra o governo, o que revela que Bolsonaro não terá vida fácil durante o período eleitoral.

Suspeitas

Foi dela a decisão de suspender a execução das emendas parlamentares do chamado Orçamento Secreto no Congresso e também foi a ministra que negou, em março, o arquivamento de investigação contra Bolsonaro no caso da compra superfaturada da Covaxin, a vacina indiana. A suspeita é que houve prevaricação nas negociações para a compra do imunizante.

Entre tapas e beijos

Ricardo Stuckert

A visita de Lula a Natal na quinta-feira, 16, mostrou que o ex-presidente terá que conviver com o descontentamento de parte de seu eleitorado, pelo menos dos petistas mais fanáticos, com Geraldo Alckmin, seu vice. No ato realizado na Arena das Dunas, ao lado da governadora Fátima Bezerra, militantes petistas vaiaram o ex-tucano e o clima só melhorou depois que os oradores do PT passaram a defendê-lo.

Retrato falado

“Na Amazônia, a bala que mata jornalistas e indigenistas é comprada com o dinheiro da grilagem” (Crédito:Luis Macedo)

Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, disse que os assassinatos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira são patrocinados pelos que invadem terras indígenas, ganham dinheiro com a pesca ilegal, com a grilagem, garimpo ilegal e madeira roubada da Amazônia.“Sob Bolsonaro, esses criminosos aumentaram seus negócios, seu poder e sua atuação e hoje estão mais preparados do que nunca para eliminar quem atravessa seu caminho”, disse ele.

Duro cenário

Muita gente reclamou de o Banco Central brasileiro ter aumentado de 12,75% para 13,25% a taxa de juros para conter a inflação, que está em 11,73% nos últimos 12 meses e com tendência de alta. Pior, é que o BC está sinalizando que na reunião do Copom, em agosto, haverá novo aumento, desta vez de 0,50 ponto percentual. Ou seja, a Selic vai a 13,75%, patamar de dezembro de 2016, quando o Brasil entrou numa recessão brava no período do desgoverno Dilma. Se pelo menos esses juros estratosféricos tivessem o condão de reduzir a inflação já, tudo bem. Mas não é isso que se vislumbra. A previsão do BC é que a inflação feche este ano muito perto de 9%.

Diferenças

Desta vez, o Brasil não está sozinho nesse imbróglio. O BC americano, o Fed, também aumentou os juros para 1,75%, como forma de conter a maior inflação dos últimos 40 anos, de 8,6%. No caso dos EUA, a causa é a invasão na Ucrânia, mas no Brasil, além desse fator, há também o descontrole das contas públicas.

Abraço de afogados

Sem palanque próprio em Alagoas, Bolsonaro resolveu abraçar a candidatura de Fernando Collor para governador do Estado. Mas nem assim o ex-presidente conseguiu desempacar. Quem lidera a disputa para o governo é Paulo Dantas (MDB), apoiado por Renan Calheiros e Lula. Depois, quase empatados, vêm Rodrigo Cunha (União Brasil) e Rui Palmeira (PSD).

Alan Santos

Vida dura

Na verdade, Collor não está tendo vida fácil no Estado que o elegeu como o “caçador de marajás”. Rodrigo Cunha recebe o apoio de Arthur Lira, enquanto Rui Palmeira é apoiado por Gilberto Kassab, presidente do PSD. Collor ainda tentou se reeleger para o Senado, mas desistiu por estar com 22% nas pesquisas e o ex-governador Renan Filho, com 45%.

Palanque duplo no Sul

Sergio Lima

As divergências entre o PT e o PSB por uma candidatura única ao governo do Rio Grande do Sul devem provocar uma situação atípica. A esquerda pode ter dois candidatos a presidente no Estado. É que o PT lançou Edegar Pretto ao governo e o PSB quer Beto Albuquerque, que já disse que deve votar em Lula, mas que deseja ter Ciro Gomes (PDT) também em seu palanque.

Toma lá dá cá

Fabio Schiochet, presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara (Crédito:Pablo Valadares)

O reajuste anunciado pela Petrobras derruba o impacto do projeto que estabeleceu um teto ao ICMS dos combustíveis?
A decisão ‘come’ a redução que seria garantida pelo teto do ICMS. Tivemos um esforço concentrado de 30 dias para aprovar o projeto e os efeitos caíram por terra em menos de 48h.

A direção da Petrobras passou dos limites?
A Petrobras está fazendo terrorismo com os brasileiros. Está na hora de taxarmos o lucro abusivo da Petrobras.

Com as intervenções na Petrobras, Bolsonaro repete os erros do PT?
O presidente está pensando no povo brasileiro. Não temos mais como manter os preços tão altos em meio à crise. Algumas intervenções se justificam.

Rápidas

* Depois de Michelle se recusar a gravar cenas para sua propaganda para a TV, agora é a vez da ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, resistir em se atirar nos braços do presidente. Ela prefere ser candidata ao Senado pelo Mato Grosso do Sul do que ser sua vice.

* Luciano Bivar, do União Brasil, não está gostando da movimentação do senador Davi Alcolumbre (UB-AP). Ele está apoiando a chapa petista que disputará o governo do Amapá e se comprometeu a apoiar Lula no Estado.

* Agora dá para entender por que o PT sempre quis dinheiro público na campanha. Com a coligação com o PSB, Solidariedade, PSOL, PCdoB, Rede e PV, o partido vai receber R$ 1,2 bilhão na campanha. Bolsonaro receberá R$ 1 bilhão.

* Agora dá para entender por que o PT sempre quis dinheiro público na campanha. Com a coligação com o PSB, Solidariedade, PSOL, PCdoB, Rede e PV, o partido vai receber R$ 1,2 bilhão na campanha. Bolsonaro receberá R$ 1 bilhão.