O prefeito Fernando Haddad (PT) e o prefeito eleito João Doria (PSDB) se reuniram na manhã de ontem pela primeira vez após as eleições, na sede da Prefeitura, para a reunião inicial de transição entre os governos. Os dois falaram sobre as finanças municipais e combinaram detalhes de como se dará o trabalho entre as duas equipes até 31 de dezembro. Na saída, ambos afirmaram que o encontro transcorreu de forma cordial, mas a entrevista que dariam juntos foi cancelada de última hora. Cada um preferiu fazer um pronunciamento em separado depois de posar para fotos.

O primeiro a fazer um breve discurso à imprensa foi Doria. O tucano ressaltou que foi muito bem recebido pelo petista em reunião que contou ainda com a participação do vice-prefeito eleito, Bruno Covas (PSDB), do coordenador da campanha de Doria e agora coordenador da transição, Júlio Semeghini, e do secretário de governo de Haddad, Chico Macena.

“Quero agradecer o prefeito Fernando Haddad e todos que vão participar desse processo. O objetivo é fazer isso de forma muito tranquila. O prefeito foi muito positivo. Portas abertas para todas as áreas da Prefeitura. Discutimos temas de Saúde, Educação, Habitação, Transporte público e funcionalismo”, declarou.

Segundo o tucano, serão criadas “frentes de trabalho” para agilizar o processo que, na sua opinião, poderá ser “histórico pelo bom sentimento do prefeito e da futura administração”. Assim que Doria deixou a Prefeitura, foi a vez de Haddad receber a imprensa para seu comentário. “Reiterei ao prefeito João Doria que a nossa transição será exemplar, com total transparência e espírito colaborativo e republicano”, afirmou. Para o petista, ambos terão um período mais do que suficiente para trabalhar todos os aspectos da gestão municipal.

Etapas

O processo de transição se dará em duas etapas. Segundo Haddad explicou, a primeira fase será tocada pelo chamado “núcleo duro da administração”, envolvendo as pastas de Finanças e Desenvolvimento Econômico – responsável pelo orçamento -, Governo, Gestão e Negócios Jurídicos. Até o fim do mês, Semeghini e sua equipe receberão informações do dia a dia das finanças do Município.

O secretário de Finanças, Rogério Ceron, demonstrará, por exemplo, que, apesar da crise, São Paulo tem a liquidez necessária para pagar todos os seus compromissos, o que inclui décimo terceiro de funcionários e aposentadorias. As consequências da decisão anunciada por Doria de congelar a tarifa do ônibus em R$ 3,80 no ano que vem para a saúde financeira da cidade também devem ser tema de reuniões futuras.

A segunda etapa do processo de troca de bastão será temática e envolverá todas as demais áreas. Haddad afirmou ontem que solicitou a cada um de seus 27 secretários a entrega de relatórios sobre a situação de suas pastas, informando metas propostas e realizadas de 2013 para cá. Esta segunda fase deve ser feita já com os futuros secretários de Doria. Segundo Haddad, o tucano já tem todos os nomes escolhidos, o que na avaliação do petista, facilitará muito os trabalhos – nenhum, porém, foi anunciado oficialmente. A promessa é reduzir o número de pastas de 27 para 20.

Chuvas

Até dezembro, ações de governo consideradas prioritárias e realizadas sempre no fim do ano também serão negociadas entre petistas e tucanos. Haddad citou a necessidade de Doria ter conhecimento, por exemplo, do plano municipal de combate às enchentes, que tem início em dezembro, com a chegada do verão, mas segue até abril do ano seguinte.

“Vamos agir da melhor maneira possível, para que tudo transcorra com naturalidade. São Paulo só vai ganhar com isso”, disse Haddad.