Uma transexual de 30 anos virou oficialmente cacique em Rondonópolis, no Mato Grosso. Majur Traytowu é indígena da Aldeia Apido Paru, que fica a 218 km de Cuiabá.

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Majur virou cacique depois que o pai dela se afastou do cargo, por causa de doença. Ela já tinha se revelado como transexual, pois começou a perceber essa orientação na adolescência.

“Fui me observando e cheguei a conclusão que sou trans. Meu comportamento, os gostos e também a atração por outros meninos foi crescendo. Foi então que descobri que nasci em um corpo de homem, mas com espírito de mulher”, relatou ela em entrevista ao G1.

Majur afirma que os indígenas sempre aceitaram a transexualidade. E diz que sempre teve liberdade para participar de reuniões, eventos e outros assuntos que envolvem a comunidade. Além disso, concluiu o ensino médio, cursou fisioterapia e antropologia, além de virar agente de saúde indígena.

“Aos 12 anos, foi crescendo a minha vontade de ser uma liderança que pudesse ajudar na luta do nosso povo. Mesmo o meu pai sendo cacique na Apido Paru tudo passava por mim. Na aldeia, sempre fui aceita pelo povo e isso é bem tranquilo até hoje”, contou ela.

Normalmente a escolha de novos caciques acontece com votação, mas Majur conta que dessa vez a comunidade aceitou a liderança dela sem problemas.

“Faz tempo que atuo como ‘cacique’, pois antes do meu pai tomar as decisões, ele passava por mim e eu dava a palavra final. Há um mês, ele ficou doente e tive que me assumir como cacique da aldeia. Todos me deram total liberdade para tomar as decisões das coisas, mesmo sendo o filho caçula”, explicou ela, que tem cerca de 20 irmãos por parte de pai e de mãe.