Trama golpista: o que acontece após a fase de interrogatórios dos réus?

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O STF concluiu os interrogatórios do chamado 'núcleo central' da trama golpista Foto: Gustavo Moreno/STF

O STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu na terça-feira, 10, o interrogatório dos oito réus que compõem o chamado “núcleo central” da suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Dentre eles, está o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os interrogatórios tiveram início na segunda-feira, 9. Foram ouvidos os seguintes réus: Mauro Cid (ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa).

O “núcleo central” é acusado pelos seguintes crimes: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público; e deterioração do patrimônio tombado.

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Os questionamentos feitos marcam a reta final da instrução processual, a fase de coleta de provas sobre o caso. Assim que se encerra essa etapa, a PGR (Procuradoria-Geral da República) e defesas terão prazo para solicitarem diligências adicionais. Caberá ao ministro Alexandre de Moraes avaliar os pedidos. Depois, deve ser aberto o período para as alegações finais. Primeiro, é apresentada a do delator, o tenente-coronel Mauro Cid. Em seguida, dos demais réus.

Também será concedido o prazo de 15 dias para que acusação e defesa apresentem, por escrito, uma espécie de resumo das apurações e argumentos pela condenação ou absolvição. Concluída mais essa etapa, o processo poderá ser julgado pela Primeira Turma do STF, que decidirá se o grupo deve ser condenado ou absolvido.

Caso haja condenação, os ministros vão definir a pena de cada um dos oito réus. Em caso de absolvição, o processo é arquivado. Mesmo com essas duas situações, é possível recorrer dentro do próprio STF.

Além do “núcleo central”, há outros grupos que serão julgados pelo STF. Confira quais são:

Núcleo 2 – conhecido como grupo de articulação

  • Silvinei Vasques (ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal);
  • Marcelo Câmara (ex-assessor especial da Presidência da República);
  • General Mario Fernandes;
  • Filipe Martins (ex-assessor de Assuntos Internacionais do governo Bolsonaro);
  • Marília Ferreira de Alencar (ex-diretora da Secretaria de Segurança do DF);
  • Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário-executivo  da Secretaria de Segurança do DF).

Núcleo 3 – seria responsável pelas ações táticas da suposta tentativa de golpe 

  • Coronel Bernardo Correa Netto;
  • Cleverson Ney (coronel da reserva e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres);
  • Estevam Theophilo (general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército);
  • Fabrício Moreira de Bastos (coronel do Exército e supostamente envolvido com carta de teor golpista);
  • Tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima;
  •  Coronel do Exército Márcio Nunes de Resende Júnior;
  • General do Exército Nilton Diniz Rodrigues;
  • Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel e integrante do grupo “kids pretos”);
  • Tenente-coronel do Exército Rodrigo Bezerra de Azevedo;
  • Ronald Ferreira de Araújo Junior (tenente-coronel do Exército acusado de participar de discussões sobre minuta golpista);
  • Tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros;
  • Agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares.

Núcleo 4 – prestação de apoio às ações golpistas 

  • Major da reserva Ailton Gonçalves Moraes Barros;
  • Major da reserva Ângelo Martins Denicoli;
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal);
  • Subtenente Giancarlo Gomes Rodrigues;
  • Tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida;
  • Policial federal Marcelo Araújo Bormevet;
  • Coronel Reginaldo Vieira de Abreu.