A catástrofe ocorrida ontem, em Beirute, me fez lembrar de Mariana e Brumadinho. É impressionante como a combinação de pobreza, corrupção, crises econômicas sistêmicas, violência e toda sorte de mazelas, inevitavelmente, em intervalos de anos, culminam em tragédias humanas.

Líbano e Brasil, ainda que separados por um oceano e um continente; ainda que geopoliticamente díspares um do outro; ainda que formados por sociedades completamente diferentes; ainda que muito pouco passíveis de comparação convergem em muitos dos aspectos – senão todos – que elenquei no parágrafo acima.

Acidentes, como a explosão do porto de Beirute, até ocorrem em países desenvolvidos, mas as causas jamais seriam as mesmas. Barragens também se rompem nos Estados Unidos, mas nunca como (e porque) em Mariana e Brumadinho. A diferença, meus caros, está no esmero do trato da segurança da sociedade e da própria nação.

Em países onde as leis cíveis e penais são rigorosas e tempestivas, blindadas da corrupção e dos arranjos em tribunais superiores, regras, protocolos, manutenção e tudo que se refere às normas de segurança são seguidos à risca, sem jeitinhos, sem remendos ou improviso. Se não em 100% dos casos, em 99,99% com certeza.

Erros humanos individuais acontecem em qualquer lugar. Um e outro político ou alto executivo corrupto e/ou negligente existem em todos os países. Mas quando deixam de ser exceção e tornam-se regra, como no Brasil e no Líbano, “merdas acontecem”. E a despeito de toda a repercussão do momento, continuarão a acontecer.

Países que, mesmo após séculos (e milênios!) de existência, insistem em se manter no subdesenvolvimento, na chaga da desigualdade extrema, na corrupção e corporativismo de Estado como regra, serão eternamente berço de tragédias como a de ontem e as de Mariana e Brumadinho. Simples assim, triste assim.