Traficantes de seres humanos forçaram, na quarta-feira (3), dezenas de migrantes a pular no mar durante a travessia entre Djibouti e Iêmen, provocando a morte de pelo menos 20, anunciou nesta quinta (4) a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

“Os sobreviventes acreditam que pelo menos 20 pessoas morreram. Cinco corpos foram encontrados” na costa de Djibouti, disse à AFP Yvonne Ndege, porta-voz da OIM para a África Oriental e o Chifre da África.

Os sobreviventes, que a OIM abrigou na cidade de Obock, no Djibouti, explicaram que pelo menos 200 migrantes embarcaram no navio, que deixou Djibouti na manhã de quarta-feira.

“Trinta minutos depois, os traficantes forçaram cerca de 80 pessoas a pular na água”, disse a organização em um comunicado nesta quinta. Apenas cerca de 60 conseguiram voltar à costa, explicou Ndege.

“Estamos trabalhando com as autoridades de Djibouti para ajudar os migrantes, mas a tragédia de quarta-feira é mais uma prova de que os criminosos continuam a explorar pessoas dispostas a fazer qualquer coisa para melhorar suas condições de vida”, acrescentou o chefe da OIM, Stéphanie Daviot, em Djibouti.

– 30 km –

O Estreito de Bab el Mandeb (“porta dos lamentos” em árabe) é o preferido pelos migrantes por causa de seu trajeto mais curto – 30 km – em relação ao resto do Golfo de Áden ou do Mar Vermelho.

Por outro lado, no Iêmen, que sofre uma guerra civil há seis anos, “milhares de migrantes estão bloqueados”, diz a OIM, acrescentando que “muitos enfrentam perigos extremos, exploração e/ou abusos”.

A organização afirma que as restrições nos deslocamentos devido à pandemia de covid-19 reduziram “drasticamente” as travessias: 37.500 pessoas passaram em 2020, contra cerca de 138.000 em 2019.

“Em janeiro de 2021, mais de 2.500 migrantes chegaram ao Iêmen do Djibouti e o medo é que, apesar das restrições estarem mais flexíveis, mais pessoas esperem para poder cruzar, o que aumenta as chances de futuras tragédias”, continua a OIM.

Este é o terceiro incidente nos últimos seis meses, acrescenta a OIM. Em outubro, oito migrantes etíopes morreram em circunstâncias semelhantes e outros 12 desapareceram.

Eles faziam o caminho oposto, saindo do Iêmen para o Djibouti, após fracassarem em sua tentativa de chegar à Arábia Saudita devido aos fechamentos de fronteiras decretados por causa da pandemia de covid-19.