13/09/2024 - 13:54
O cofundador do cartel de Sinaloa, Ismael “El Mayo” Zambada, declarou-se “não culpado” nesta sexta-feira (13) perante um tribunal de Nova York, onde será julgado por 17 acusações, incluindo atividade criminosa e tráfico de drogas, que podem levá-lo a passar o resto de sua vida na prisão.
Zambada foi preso em 25 de julho no Novo México quando pousou em um pequeno avião na companhia de Joaquín Guzmán López, filho de Joaquín “El Chapo” Guzmán – o outro cofundador do cartel de Sinaloa na década de 1980 e condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.
Vestido com um traje de presidiário e fisicamente debilitado – precisou de ajuda para se levantar da cadeira ao sair da sala do tribunal – Zambada, de 76 anos, ouviu as acusações contra si, às quais se declarou “não culpado” por meio de seu advogado.
Sua próxima audiência está marcada para 31 de outubro e ele aguardará o julgamento na prisão.
Quando questionado pelo juiz James Cho sobre como se sentia, o réu respondeu com um breve: “Bem, bem”. Depois, se limitou a responder com “sim, senhor”, por meio de um intérprete, às perguntas habituais do magistrado sobre se entendia as acusações e questões processuais.
Sua aparente vulnerabilidade contrasta com a descrição feita pelo promotor Francisco Navarro: “Até sua prisão, em 25 de julho de 2024, o acusado era um dos mais poderosos, senão o mais poderoso chefe do tráfico de drogas do mundo”.
“Ele é responsável por encher os Estados Unidos com fentanil, cocaína e outras drogas que trouxeram morte e violência às nossas ruas”, lembrou.
Por este motivo, embora a sua defesa não tenha solicitado fiança durante o julgamento, a acusação pede “uma ordem de prisão permanente” para o réu, que representa “um perigo extremo para a sociedade e um alto risco de fuga”.
Enquanto aguarda julgamento, ele estará no Centro de Detenção Metropolitano do Brooklyn, conhecido por suas deficiências, e onde seu compadre “El Chapo” Guzmán passou antes dele.
O local também hospedou o ex-secretário de Segurança durante o governo de Felipe Calderón (2006-2012), Genaro García Luna, que deverá ouvir a sentença no dia 9 de outubro, depois de também ser considerado culpado de tráfico de drogas. Ele também pode passar o resto da vida na prisão.
A Promotoria de Nova York acusa este famoso traficante de drogas, que em mais de quatro décadas de carreira criminosa nunca havia sido preso, de 17 crimes, incluindo atividade criminosa continuada, tráfico de drogas (especialmente cocaína, heroína e fentanil), assassinato e tráfico e posse de armas.
Se for considerado culpado, poderá passar o resto de sua vida na prisão.
O seu advogado, Frank Pérez, garantiu à imprensa no final da audiência que o caso “irá a julgamento”, portanto está descartado a princípio um acordo com a Promotoria que possa impedir Zambada de sentar-se no banco dos réus.
No entanto, ele pode se declarar culpado a qualquer momento durante a investigação, que estima-se longa.
Pérez também garantiu que seu cliente possui “muito boa” saúde e ânimo.
Este é um caso “complexo”, disse o promotor, já que as acusações “abrangem várias décadas”.
“Prevemos que as provas serão volumosas e variadas” e que haverá “informação classificada”, o que pode dificultar o julgamento.
Nas últimas duas décadas, a Justiça americana havia emitido ao menos 16 acusações contra ele.
Após a sua detenção em 25 de julho no aeroporto de Santa Teresa (Novo México), Zambada também se declarou inocente perante um tribunal da cidade fronteiriça de El Paso, Texas.
Segundo o que disse em uma carta após a sua detenção, Zambada foi emboscado e enganado por Guzmán López, também conhecido como “El Chapito” devido ao apelido dado aos filhos de “Chapo” , e levado à força para os Estados Unidos, que lhe havia oferecido 15 milhões de dólares (83,5 milhões de reais na cotação atual) pela sua captura em um caso.
A agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA) garante que Los Chapitos travam “uma batalha interna” contra Mayo, que “não goza de boa saúde” e perdeu poder na organização criminosa.
Sua facção já sofreu um golpe em maio, quando homens armados emboscaram e assassinaram seu sobrinho Eliseo Imperial Castro, conhecido como Cheyo Ántrax.
Transferido para uma prisão em Illinois (norte), onde também está sendo investigado um caso contra um de seus irmãos, “Chapito” também se declarou inocente.
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