Dois tradutores etíopes que colaboraram com uma equipe da Agence France-Presse e um jornalista do Financial Times foram presos no sábado na região do Tigré (norte), onde o Exército etíope realiza uma operação militar desde o início de novembro, relataram seus familiares e colegas.

Fitsum Berhane e Alula Akalu foram presos no sábado após terem trabalhado durante três dias com jornalistas da AFP e do Financial Times, que obtiveram permissão da Autoridade de Mídia da Etiópia (EBA) e do Ministério da Paz da Etiópia para cobrir a situação.

Fitsum Berhane foi detido em sua casa por soldados na noite de sexta-feira para sábado, disse sua família à AFP.

Seu colega foi preso no dia seguinte, quando almoçava com parentes.

O jornalista Temrat Yemane, foi preso em Mekele no sábado.

Fitsum Berhane e Alula Akalu estão detidos nas dependências de uma escola militar perto da Universidade de Mekele, segundo suas famílias.

Nenhuma explicação oficial foi dada para sua prisão.

A AFP e o Financial Times fazem parte de um grupo de sete meios de comunicação internacionais que foram autorizados a deslocar-se ao Tigré.

Esta região do extremo norte da Etiópia, durante vários meses, foi de difícil acesso para jornalistas e trabalhadores humanitários.

“Não temos informações sobre qualquer acusação precisa contra Fitsum Berhane, e sua mera colaboração com um meio de comunicação não é um motivo para sua prisão.

Pedimos sua libertação o mais rápido possível”, disse Phil Chetwynd, diretor de informação da AFP.

O Financial Times, por sua vez, indicou que “tomará todas as medidas possíveis para obter a libertação” de dois tradutores e continuará a tentar “entender os motivos de sua prisão”.

O primeiro-ministro etíope e Prêmio Nobel da Paz 2019, Abiy Ahmed, ordenou no início de novembro de 2020 uma grande operação militar contra as autoridades dissidentes do Tigré, emergentes da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF), após acusá-los de terem atacado bases do exército federal.