O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, anunciou nesta terça-feira (17) o envio para a Ucrânia de uma equipe de 42 especialistas, o maior em número de militares da história da instituição, para investigar as acusações de crimes de guerra cometidos na invasão russa.

“Confirmo que hoje meu escritório enviou uma equipe composta por 42 investigadores, especialistas em criminalística e outro pessoal de apoio para a Ucrânia”, disse Khan, em um comunicado, acrescentando que se trata da “missão mais importante em termos de militares já mobilizados no terreno de uma única vez”.

A equipe terá a missão de “avançar em nossas investigações sobre os crimes da competência do Tribunal e prestar apoio às autoridades ucranianas”, acrescentou.

O procurador do TPI, um tribunal criado em 2002, abriu uma investigação em 3 de março passado sobre acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia, após receber sinal verde de quase 40 Estados-Partes.

Khan visitou a Ucrânia em abril, incluindo a localidade de Bucha, perto de Kiev, onde pelo menos 20 corpos foram encontrados no dia 2 deste mesmo mês.

A Ucrânia “é uma cena de crime”, disse ele na ocasião.

Kiev culpa as forças russas por centenas de assassinatos de civis, mas Moscou nega a responsabilidade e chama os eventos de Bucha de falsos.

“Graças ao envio de uma equipe de investigadores, estaremos em melhores condições de seguir pistas e de coletar testemunhos em relação aos ataques militares que possam constituir crimes, em virtude do Estatuto de Roma”, completou Khan nesta terça.

O procurador do TPI também agradeceu ao governo holandês por sua cooperação no envio de um “número significativo de especialistas nacionais” em apoio à missão do tribunal, com sede em Haia, na Holanda.

“Agora, mais do que nunca, temos que mostrar que a lei tem seu lugar nos eventos que estão ocorrendo”, disse ele.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, afirmou que discutiu o assunto nesta terça durante uma visita do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, a Haia.

“Uma das maneiras de mostrar nosso apoio é por meio da equipe de investigação forense holandesa que se juntará à investigação de crimes de guerra na Ucrânia esta semana”, tuitou Rutte.

Kuleba, por sua vez, declarou que há sinais “muito positivos” de que os autores poderão ser levados à Justiça, citando como exemplo o julgamento em andamento na Holanda pelo abate de um avião da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia em 2014.