Afundada em dívidas, a rede americana de lojas de brinquedos Toys “R” Us recorreu ao capítulo 11 da lei de proteção de falências, anunciou a empresa, ilustrando as dificuldades da distribuição tradicional frente ao comércio eletrônico.

“O grupo vai reestruturar sua dívida existente e criar uma estrutura de capital saudável para poder investir em seu crescimento a longo prazo e concretizar a aspiração de levar brinquedos para as crianças”, afirma a Toys “R” Us em um comunicado.

O texto destaca que as operações fora dos Estados Unidos e Canadá, “incluindo as quase 255 lojas sob licença e empresas conjuntas na Ásia”, não fazem parte do processo de falência.

“Ao lado de nossos investidores, nosso objetivo é trabalhar com os detentores de dívidas e outros credores para reestruturar os 5 bilhões de dívida a longo prazo em nosso balanço, o que nos dará maior flexibilidade financeira para investir em nosso negócio, continuar melhorando a relação com o cliente em nossa lojas físicas e na internet e fortalecer nossa posição competitiva”, afirma Dave Brandon, presidente e diretor executivo, no comunicado.

Vários credores, incluindo o JPMorgan, aceitaram injetar no grupo mais de 3 bilhões de dólares para “melhorar imediatamente a saúde financeira da empresa e acompanhar as operações durante o curto processo de supervisão”.

Mas esses anúncios não foram suficientes para convencer a agência financeira SP Global Ratings, que degradoua nota da dívida da Toys “R” US a CCC-, mergulhando-a ainda mais na categoia especulativa.

As quase 1.600 lojas Toys “R” Us e Babies “R” Us no mundo, “a grande maioria delas rentáveis”, devem operar de modo habitual.

Além disso, os clientes poderão recorrer aos sites toysrus.com e babiesrus.com, “que acabam de ser lançados”, a fim de recuperar seu atraso no comércio online.

Com vendas de cerca de US$ 11,5 bilhões em 2016, a Toys “R” Us está atrás das gigantes do varejo americanas, como Wal-Mart e Target.

No setor dos brinquedos, onde Toys “R” Us é número um do mundo com uma participação de mercado superior a 23%, as dificuldades são particularmente violentas para as lojas físicas. Suas vendas caíram em um quarto entre 2011 e 2016, segundo dados da empresa Euromonitor.

Mas além das condições de mercado, a Toys “R” Us, que registrou uma perda líquida de US$ 163 milhões em seus últimos resultados trimestrais, enfrenta desafios específicos para sua história recente, em particular um endividamento maciço.

Para um grupo deste tamanho, tem a particularidade de não estar cotado na bolsa de valores. Esta situação está ligada à sua aquisição em 2005 por vários fundos, incluindo KKR e Bain Capital.

A rede, presente nos Estados Unidos e em outros 38 países, se une assim a outras lojas que tentam competir com os novos modos de consumo desenvolvidos por empresas como a Amazon.

A empresa tem 65.000 funcionários no mundo.