O que passou, passou. É desta maneira que torcedores do Liverpool encaram a perda de Philippe Coutinho. Alguns ainda não se conformam com a “traição”. A maioria, porém, já superou a raiva sentida quando ele se transferiu para o Barcelona, no início do ano, e defende a tese da “bola pra frente”. Coutinho ficará na memória como um excelente jogador, mas os ídolos agora são Mané, Firmino e, acima de todos, Salah.

Essa foi a visão dada por Ray Jones, fanático torcedor do Liverpool, enquanto se preparava para a sua terceira cerveja no The Park, pub que fica em frente à entrada principal de Anfield Road. Aos 65 anos, simpático, depois de dizer que só falaria com o repórter se este lhe dissesse quem era o personagem de uma das pinturas que forram as paredes do local – é de Kenny Dalglish, atacante escocês que defendeu o clube de 1977 a 1990, treinou o time, exerceu funções executivas e atualmente é diretor -, resumiu o que, segundo ele, os torcedores pensam de Coutinho.

“Na época da transferência, ficamos com muita raiva. A gente precisava dele na Liga dos Campeões e ele foi embora. Esqueceu toda a história que tinha aqui por causa de dinheiro. Mas agora o tempo passou e nosso ídolo é Salah. Só perdemos a Liga porque machucaram ele”, afirmou.

Ray não crê em protestos fortes contra Coutinho neste domingo, no amistoso entre Brasil e Croácia, que marcará o retorno do meia à cidade. Mas acha que aparecerão faixas de desaprovação.

Outro torcedor, Ian Tilley, que pelo jeito já havia tomado bem mais de três cervejas, também é complacente com Coutinho. “Ele nos deu muitas alegria quando esteve por aqui. É um grande jogador, não vamos negar”, admite. “Gostamos dele, mas agora temos Firmino”, arremata a garçonete Lorraine, apontando para um cartaz em que o brasileiro aparece ao lado de Salah, Mané e do técnico Klopp.

Detalhes: o Estado não localizou nenhuma foto ou pintura de Coutinho entre as centenas nas paredes do pub. E o repórter acertou o nome de Dalglish após três tentativas. Com a ajuda de Jones.